quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

(3)-POVOS DA MESOPOTÂMIA

Há muitos milênios as terras baixas e férteis entre os rios Eufrates e Tigre foram o berço de uma sociedade inteligente e desenvolvida. Esta coletividade não se perdeu na noite dos séculos como muitas outras porque com a descoberta no século XX de seus restos arqueológicos (bibliotecas inteiras contendo centenas de tábuas de argila gravadas com letras cuneiformes), foi possível recompor parte da sua biografia.
É Interessante constatar que centenas de anos depois, assim que o conhecimento do homem passou a ser escrito em peles, cortiças ou pergaminhos, quando as cidades conquistadas eram queimadas, toda a sua cultura era destruída. Nesse caso, e em outros com a mesma datação, aconteceu o inverso: as tabuas de argila encontradas sob as ruínas de antigas cidades saqueadas e queimadas, pelo processo da queima se fortaleceram, ou seja, se transformaram em cerâmica. Falando nisso, vamos lembrar que o ramo da ciência que estuda as antigas civilizações nessa área é chamado Assiriologia, porque as primeiras escavações trouxeram a luz às ruínas do império Assírio.
A palavra Mesopotâmia vem do grego: meso – médio, e potamos - rios. Por conseguinte significa ”terra entre os rios”, nome utilizado para indicar a área entre os rios Eufrates e Tigre, ale dos povos que a habitavam. Essa área hoje pode ser “enxergada” porque é composta pelo território do Iraque, parte da Síria, e ao sul é limitada por Bagdá. Até o III século a.C., entretanto, estas planícies aluviais formadas pelos dois rios, eram chamadas “terras de Sumer e Akkad”. Sumer, a parte meridional, e Akkad eram as terras da região que hoje corresponde a Bagdá e seus arredores até onde o Eufrates e o Tigre se tornam um só.
Mil anos depois, portanto no II milênio, a área inteira passou a ser chamada Babilônia, e o território ao norte, entre os rios Eufrates e o grande Zab - limitado pelas montanhas, era a Assíria que tinha como capital Ur. Enquanto do lado oposto, ou seja, a área asiática da atual Turquia, era a Anatólia e a região ao longo da costa do Mediterrâneo onde hoje se encontram a Síria, Líbano, Jordânia e Israel - limitada por um lado pelo deserto da Síria e do outro se estendendo ao norte através da Mesopotâmia - era a Síria e a Palestina, enquanto que o Irã atual equivale aproximadamente à Pérsia, estendendo-se, na parte ocidental, até o antigo Elam.
Lembremos, contudo, que durante os períodos glaciais estas terras eram muito mais extensas porque o grande volume de água retida nas montanhas e nos mares em forma de gelo havia diminuído o nível das águas dos mares em relação ao que hoje conhecemos em aproximadamente 100 metros.

A população da Mesopotâmia, antes do inicio da historia conhecida, era formada por dois diferentes grupos culturais: os Sumeros e os Akadicos. Os primeiros, agricultores, chegaram a Mesopotâmia por volta de 7000 a.C. quando as terras que habitavam estavam para serem invadidas pelas águas do mar Mediterrâneo, quando estas, no período do degelo, através do estreito do Bósforo, submergiram toda a região transformando-a no mar Negro. E os segundos eram tribos nômades, de origem semítica do reino de Akkad, que já habitavam estas terras antes da chegada dos Sumeros. Como não há indícios históricos, acredita-se que as duas culturas conviveram em paz por milhares de anos.
Tem-se como certo, entretanto, que entre os anos 2500 e 2100 a.C. o império Akkadico, por estar ocupado militarmente devido as persistentes tentativas de invasões Cassitas, não se interessou pela área ocupada pelos Sumeros, mas entre 2100 e 1793 a.C., fortalecidos e desejando ampliar seu reino, passaram a agredi-los militarmente forçando-os a celebrarem uma aliança com os Amorritas. Mesmo assim, os Sumeros levaram a melhor e se expandiram. Nesta epoca as cidades-estado Sumeras enriqueceram e floresceram.
Os Sumeros, enquanto livres, influenciados pela cultura nômade Elamita, haviam desenvolvido uma rica literatura composta por hinos religiosos e cantos épicos endereçados à deusa Ishtar, “Amor à guerra” e “Gilgamesh”, entre outros, sendo que este ultimo é um herói guerreiro. Sua religião era politeísta e seus símbolos mais difundidos eram o Leão para os homens e o Touro para as mulheres.
As monumentais cidades Sumeras eram divididas em duas partes: na alta havia as pirâmides a degraus (“copiadas” muitos séculos depois pelas civilizações pré-colombianas), o palácio-templo do rei e os depósitos de água, enquanto a parte baixa era ocupada pelas moradias populares que eram feitas com tijolos de terra secados ao sol.
Os achados mais antigos datam de 5000 anos a.C. São casas sem portas ou janelas, edificadas uma ao lado da outra sem estradas, mas ligadas entre si por um terraço que servia de teto e de área de circulação ao mesmo tempo. Desse terraço, ainda, através de uma escada, ingressava-se nas residências que obedeciam ao mesmo padrão: os cômodos sempre eram tres: o quarto do marido, o da mulher e dos filhos, e a cozinha.


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1 / 2 - Arte Sumera
3 - Torre de Babel – pintura de P.Bruegel.
4 - Tabua Sumera com texto cuneiforme.

Não havia cemitérios e os defuntos eram soterrados sob as camas. Se homem, sob a do marido e se mulher ou criança, no respectivo quarto e sob a respectiva cama.
Os sacerdotes Sumeros eram os que detinham os conhecimentos e para escrever o que quer que fosse se serviam de tabuas de argila.
Neste período, construíram palácios monumentais e desenvolveram o primeiro sistema de escrita de que se tem conhecimento: sinais pictográficos que, como o pictograma de uma flecha significava flecha, podiam ser lidos por qualquer visitante. Séculos depois, estes sinais se transformaram em símbolos fonéticos e seguiram se desenvolvendo ate se transformarem na língua dos indo-europeus. Mais tarde, para as formas dravidicas e semíticas das quais surgiu o sânscrito.

Escrita cuneiforme

As cidades-Estado Sumeras mais famosas foram Uruk, Ur, Lagash, Erech e Babilônia. A “terra entre os rios”, no entanto, nos milênios conhecidos, foi invadida e habitada por muitos povos, e cada um deste contribuiu para fazer florescer nela a esplendida civilização que a Assiriologia pouco a pouco está resgatando.
Das terras entre a Palestina e o rio Eufrates, sempre no terceiro milênio a.C., vieram e invadiram a Mesopotâmia os Arameus, mas estes se fundiram com as populações locais. Contudo, fundaram seu país, o Aram, cuja capital, Damasco, por volta do século XII a.C., conquistou a Babilônia.
Ao redor do ano 2500 a.C., outro povo havia invadido a Mesopotâmia, os Assírios do grupo dos Amorreus, e estes, hábeis guerreiros, se impuseram em todo o território subjugando os Sumeros, os Caldeus e Arameus. Absorveram as civilizações conquistadas e adotaram o aramaico como língua oficial em todo o seu império: o Assírio. Fundaram Assur, que inicialmente foi a capital, e Nínive, nas margens do Tigre, que posteriormente se tornou à nova capital.
Séculos depois, Sargão o velho, fundador do reino semita dos Akkadicos, comandando seu exercito, venceu os Assírios e assumiu o controle de todo o território. Em 2100 a.C., a dominação passou a ser dos Sumeros que a mantiveram por cem anos, quando o rei Assírio Puzur-Assur I, conquistou mais uma vez a região e a manteve até 1813 a.C., sucedendo-lhe o reino do rei Shamshi-Adad - 1813 até 1781 a.C.
Nesta mesma epoca, 1793 a.C., os Amorritas invadiram a Sumeria (região da baixa Mesopotâmia) e, ao se fundirem com os Sumeros, constituíram o primeiro império da Babilônia que chamaram “Bab-Lil” que significa porta de Deus sob a égide do rei Amorrita Hamurábi. Este expandiu seu reino do Elam até os limites da Síria, e da Palestina até colidir com os Hititas, povo indo-europeu que no II milênio fundara um poderoso império na Anatólia central, os Cassitas, que dominou a Babilônia até ser eliminado pelos Elamitas e os Egípcios em 1200 a.C.
Antes disso, todavia, haviam fundado o reino de Amurru – significa ocidente – o qual por nove séculos daria seu nome à Síria e a Palestina, período no qual em um primeiro momento se aliaram aos Egípcios e depois aos Hititas.
Em 1764, o rei Hamurábi da Babilônia assumiu o controle da área para cedê-la, entre 1365 a 1330 a.C. para os Mitanni das tribos Hurritas - reino dos Hurri, estabelecidos na Mesopotâmia, que conheceu seu apogeu em 1450 a.C.
Os Hititas, Hurritas e Cassitas, chamados também povos das montanhas, muito antes disso, ao redor de 2500, haviam migrado para a Ásia Menor absorvendo a cultura dos vizinhos reinos Sirianos e Mesopotamicos, fundando um império que se manteve até o XI século.
De acordo com a história, a partir de 2500 a.C., os tres povos, ditos indo-europeus, desceram do seu habitat, as montanhas, e se estabeleceram nas terras da Anatólia à Mesopotâmia, ou seja, os Hititas na Anatólia, os Hurritas na Mesopotâmia e os Cassitas na Babilônia.
Em relação aos Hititas até muito recentemente pouco se sabia, mas através de achados arqueológicos foi possível conhecer a história dessa gente.
O primeiro enfoque é dado por um documento no qual “Anchesen Amun”, filha de “Akhenaton e Nefertiti”, faraós do Egito e viúva de “Tutankamon”, solicita ao rei Hitita “Suppiluliumas” permissão para casar com um dos seus filhos.
No segundo, os Hititas são o povo citado varias vezes na bíblia chamado “chittim” que habitava nos arredores de Jerusalém, e ainda no episodio de “Uria o Hitita”, o marido de Betsabé (a mulher que o rei de Israel, David, desposou depois de ter tramado a morte do marido que se tornou à mãe de Salomão). No terceiro são citados na construção do Templo de Salomão.
Como vimos, este povo de origem indo-européia teve origem nas terras (hoje Turquia) de altas e pouco acessíveis montanhas que migrou para a Anatólia onde, desde a idade da pedra, viviam as populações autóctones chamadas protohattis. Hoje se sabe que a cidade mais antiga do mundo (conhecida, claro), foi construída por este povo. É “Catal Huyuk” situada à sudeste de Ankara. Trata-se de uma cidade que foi destruída e reconstruída inúmeras vezes, porque a ultima tem suas fundações a uma altura de 19 metros do nível do solo original. Submetidas algumas amostras dos primeiros dez metros aos testes do carbono 16, estes evidenciaram que a primeira edificação ocorreu no período neolítico, ou seja, 8000 a 7000 anos a.C.
Esta cidade é ainda mais antiga do que a velha Jericó bíblica, também devastada e reerguida em ocasiões diferentes, porque a ultima vez o foi à cerca de 13 metros acima do nível original do terreno. Os mesmos testes datam a primeira fundação desta cidade ao redor de 6500 anos a.C.
Catal Huyuk, similarmente as cidades baixas da Babilônia, não tinha estradas e as casas eram encostadas umas nas outras sem janelas ou portas. A entrada, do mesmo modo, só era possível pelo telhado; em verdade um imenso terraço. Aqui também havia a cozinha, o quarto do marido, e o da mulher e dos filhos, sob os quais, debaixo dos respectivos leitos, eram enterrados os ossos dos familiares defuntos obedecendo ao mesmo conceito de sexo. Foi estabelecido, devido a pinturas parietais, que os mortos eram expostos a um processo no qual as aves os despiam de suas carnes para que seus ossos, limpos, fossem conservados. Esta tradição, de significado simbólico – a continuidade do defunto e da sua alma – foi conservada inicialmente pelo judaísmo e depois pelo cristianismo.
Conservando dentro de casa os ossos do defunto, era como se ele permanecesse no seio da família para abençoá-la.
Numerosas eram as deidades desse povo, mas a mais famosa era o touro, cujo nome foi atribuído a uma constelação. A adoração a este animal, cuja origem regride aos albores da humanidade, se perpetuou em muitas culturas simbolizando a fertilidade e a força.
Quem fundou o império Hitita foi Pitkhama de Kussara ao reuniu algumas tribos sob a sua proteção na cidade de Kutelpe, enquanto seu filho Anittas partiu para conquistar Nessa que se tornou a primeira capital do reino hitita.
A Assíria, mais uma vez em 1365 a.C., assumiu o comando da região até que Tiglat-Pileser I, -1115-1074 - tornou-se o primeiro imperador Assírio a reinar sobre a Mesopotâmia e a Síria, estendendo seu império até as costas do mar Negro.
Da Caldeia, denominação dada primeiramente a uma parte da Sumeria e depois para a Babilônia, partiram os Caldeus que com os Arameus – população de raça semítica inicialmente nômade - fundou diversos Estados na Síria e invadiram a Babilônia em 1400 a.C., dominando-a ao longo do XII século. Sucumbindo, porem, um século depois, diante dos próprios Arameus dos quais se haviam separado, e mais uma vez no XI século diante dos Assírios. Em 612 a.C., no entanto, aliando-se ao rei Nabopolassar e ao rei Ciassare, assediaram e destruíram a cidade de Ninive, a grande capital dos Assírios, e com o rei Karkemish, em 605 a.C., fizeram debandar o exército Egípcio.
Surgiu assim o segundo império da Babilônia que sob o comando do rei Nabucodonosor, filho de Nabopolassar, fez varias campanhas contra o Egito, destruiu o reino de Judá e sua capital Jerusalém, conquistando depois outros territórios na Arábia. Aliando-se aos Medos, bateu-se contra a Lídia e no seu reinado toda a Babilônia foi embelezada. Esta situação se manteve até que Ciro, o rei dos Persianos, a conquistou no ano 538 a.C.
Estes relatos são históricos. O curioso, todavia, é o teor de alguns versículos do velho testamento a respeito da torre de Babel.
Gênese 11:1-9 - ”Toda a terra tinha uma só língua, e servia-se das mesmas palavras. Alguns homens, partindo para o oriente, encontraram na terra de Senaar uma planície onde se estabeleceram. E disseram uns para os outros: Vamos, façamos tijolos e cozamo-los no fogo. Serviram-se de tijolos ao invés de pedras, e de betume em lugar de argamassa. Depois disseram: Vamos, façamos para a nossa cidade uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim célebre o nosso nome para que não sejamos dispersos pela face de toda a terra. Mas o Senhor desceu para ver a cidade e a torre que construíram os filhos dos homens. Eis que são um só povo, disse ele, e falam uma só língua: se começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos. Vamos: desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro. Foi dali que o Senhor os dispersou daquele lugar pela face de toda a terra, e cessaram a construção da cidade. Por isso deram-lhe o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra, e dali os dispersou sobre a face de toda a terra”.

Na Mesopotâmia o mito mais famoso é o do deus Oannes, uma das divindades akpallu. Um misto de homem e peixe que no primeiro ano do primeiro rei antes do dilúvio, emergiu das águas para ensinar aos homens como se civilizarem. Este deus saia da água todas as manhãs e permanecia com os homens ensinando-lhes a ciência, mas ao findar do dia retornava ao mar. Aparecera do mar Eritreu (nome dado pelos antigos ao mar Vermelho, ao Oceano Indico e ao Golfo Pérsico) e dizia chamar-se Oannes. Era um “animal” inteligente porque seu corpo era o de um peixe, mesmo se na extremidade superior, em baixo da cabeça de peixe havia uma de homem, e na inferior havia pés humanos sob a cauda de peixe. Sua voz, assim como a linguagem, também era humana.
Com estas palavras o historiador Babilônico Berosso, que na época de Carlos Magno era sacerdote do deus Marduk, descreveu a história que lhe fora narrada a respeito de Oannes. Era uma criatura misteriosa que aparecera de improviso na Mesopotâmia saído das águas do mar para instruir e esclarecer o ainda bárbaro ser humano. Esta criatura, conta Berosso, não se alimentava, mas permanecia conversando com os homens o dia inteiro para lhe ensinar letras, ciências, artes, como construir casas e templos e as leis que deviam ser implantadas para organizar a sociedade humana. Ademais, da mesma forma que explicava os princípios da geometria, instruía os homens a distinguirem as sementes da terra, como plantá-las e a colher seus frutos. O seu trabalho foi tão auspicioso que pouco tempo depois seus ouvintes começaram a fixar para si mesmos novos valores morais e espirituais. Depois dele, muitos outros seres iguais começaram a aparecer.
O historiador chamava estes seres “annedotoi” – repugnantes - porque era essa a sensação que transmitiam a quem os conhecia pela primeira vez. Possuíam nomes próprios, e alguns destes ficaram registrados: Odakon, Euedokos, Eneugamoo, Eneuboulos e Enementos.
O culto dos Sumerianos ao “homem peixe” era difundido em todo o oriente médio e uma imagem como a de Oannes era venerada entre os filisteus com o nome de Dagon, o deus da agricultura.
No mesmo período um povo negro da África ocidental (hoje pertencente à república de Mali - republica esta que territorialmente se estende pelo antigo Sudão Francês) adotou o nome Dogon e passou a cultuar o mesmo “homem peixe” chamado-o Nommo o deus anfíbio.
A lembrança dos feitos de Oannes sobreviveu até na cultura monoteísta hebraica aonde, segundo o Evangelho apócrifo “Atos de Pilatos”, quando Jesus entrou em Jerusalém o povo o aclamou “Oannes que vem do alto dos céus”, frase que passou para a historia por um erro de tradução entre as línguas aramaica, grega e hebraica, como “Hosanas no alto dos céus”, oração que os judeus recitam no quarto dia da festa dos tabernaculos, enquanto na liturgia católica é o hino cantado no domingo de Ramos.
Esta afirmação, segundo dizem, é ratificada pelo estudioso hebraico contemporâneo Hayym Ben Yehoshua, porque o peixe, como muitos sabem, de acordo com a iconografia cristã (estudo dos assuntos representados nas obras de arte, das suas fontes e significados), é a imagem que distingue Jesus Cristo entre todos os “Avatares” do passado, lembrando que Avatar é o nome utilizado na Índia para indicar às diversas reencarnações dos deuses que são enviados pela divindade maior para salvar a humanidade.
Os Sumeros possuíam (hoje esta relíquia é exposta no museu do Cairo) um lacre cilíndrico que mapeia o sistema solar. A pergunta que cabe: como esta antiga civilização poderia tê-lo? Concluindo, enquanto para os sumeros o homem peixe chamava-se Oannes, os filisteus chamavam Dagon um homem peixe idêntico, e as tribos Mali da África negra, que passaram a chamar a si mesmas Dagon, o chamavam Nommo.
Sabemos, hoje é indiscutível, que muito tempo antes dos Dogons, civilizações como a hindu, nórdicas e mediterrâneas - bem como mais tarde as pré-andinas - possuíam conhecimentos de astronomia que somente milhares de anos depois a nossa ciência conseguiu desenvolver. Quem foram os mestres?
A religião dos sumeros tem um vasto ciclo de mitos cosmogônicos. Segundo eles, no inicio, quando ainda não haviam sido criados o céu, a terra, os deuses e os homens, existia tão somente Apsú, o calmo oceano cósmico - o princípio masculino, - e Mummu, a efervescência das grandes ondas do mar - o princípio feminino. Quando estes dois elementos primordiais se uniram, fundindo suas águas, as coisas do mundo começaram a surgir.
O primeiro casal divino foi Ansar - o espírito do céu, e Kisar - o espírito da terra e da sua eterna união nasce continuamente à vida. Desta forma, segundo os mesopotamicos, a vida nasceu da junção das duas águas.
Segundo eles, o primogênito do casal Ansar e Kisar é o deus Ea - rei do oceano, o segundo é Anu - rei do céu e o terceiro é Enlil - rei da terra.
Estas criaturas deram vida aos deuses astrais: Shamash - o deus do sol, Sin - o deus lua, Ishtar - o planeta Vênus, e Dumuzi - o deus da agricultura, dos mortos e das ressurreições de todos os anos.
De Ea mais tarde nasceu Marduk, o vencedor de Tiamat, o caos, que desejava se apropriar novamente de toda a criação para devorá-la. Marduk é a divindade portadora da luz que venceu as trevas, e assim sendo, a ele foi sagrado o mais brilhante dos planetas, júpiter. Era considerado ainda o sol invicto nascido do abismo das águas com duas missões: levar a luz ao mundo e dar aos homens o saber.
Este deus era ainda o grande mestre de uma arte mágica e sublime. Nos cerimoniais da água, ele curava as enfermidades espargindo sobre o enfermo a água sagrada. A formula sagrada, recitada diante dos enfermos pelos sacerdotes, utilizava a água mágica, a água da vida, que era retirada do rio Eufrates no local em que a água doce do rio se mistura com a água salgada do mar. A água curava porque era o elemento gerador da vida e de todas as coisas. No templo de Marduk, na Babilônia, a fonte que fornecia a água mágica era abastecida diariamente com a que era recolhida no rio Eufrates.
Ao lado dessa fonte, os sacerdotes de Marduk celebravam suas cerimônias, e entre elas, a grande festa do ano novo - o zagmukku - na qual era escolhido o rei daquele ano. Entre inúmeras outras celebrações, uma merece destaque: a festa no templo Ekur, porque nela eram cantados os hinos ritualísticos para obter proteção contra os demônios e os espíritos maus responsáveis pelas enfermidades e os sofrimentos.
Construíam seus templos volumosos e altos como torres (a mais alta era a torre de Babel), e o acesso ao cume se dava por degraus externos. Atendiam, dessa forma, à uma precisa exigência religiosa: facilitar a comunicação entre os habitantes da terra e as divindades residentes no céu. Quando os sumeros subiam aos cumes dos templos para as cerimônias religiosas era exatamente isso que acontecia.
Havia uma segunda fonte de água sagrada, e esta se localizava na terra dos mortos, exatamente sob a porta de entrada do palácio dos deuses ínferos. Esta água devolvia a vida a quem dela bebesse ou nela se banhasse, entretanto, só jorrava quando uma determinada pedra era erguida. Ter acesso a ela, no entanto, era quase impossível, porque permanecia constantemente sob a vigilância dos deuses. Só ao onipotente deus “Ea” cabia dispor do uso da água, porque ele era também o Senhor da vida e da morte.
O rei mais notável da primeira dinastia da Babilônia foi o sexto Hamurábi - 1792 a 1750 a.C. Governou por cerca de 43 anos (data não garantida pelos historiadores) e unificou a região estendendo seu império do golfo Pérsico, junto do qual estava a Sumeria, até o mediterrâneo, de cujas proximidades haviam vindo os amorritas. As leis que já vinham sendo compiladas, com Hamurábi ganharam códigos mais aperfeiçoados. São conhecidos até hoje como os códigos de Hamurábi.
Estes códigos foram gravados em textos cuneiformes em uma Estela cilíndrica de diorito, rocha eruptiva de dois metros e vinte e cinco centímetros de altura, que foi encontrada em 1901 em Susa, capital do Élan, país vizinho da Caldeia, por ocasião de escavações promovidas por uma fundação arqueológica francesa entre 1901 e 1902 d.C. Seu texto, de 282 parágrafos, contém preceitos para a vida civil. Hoje estes preceitos podem ser encontrados em um livrinho de 100 paginas que se encontra no mercado com este mesmo nome.
Códigos de Hamurábi

Especula-se que quando os elamitas invadiram a Babilônia por volta do ano 1115 a.C., tenham levado a Estela para a sua capital, Susa, como pilhagem, e que na ocasião tenham raspado sete colunas na parte inferior, correspondendo à cerca de quarenta preceitos, porque não eram de seu interesse.
Esta Estela, que continha a imagem de Hamurábi em posição reverente e com a mão direita levantada diante de uma divindade, gravada em baixo relevo, exibia ainda a silhueta dos demais deuses que segundo ele o ajudavam a legislar. Levada pelos arqueólogos franceses, é conservada no museu do Louvre, em Paris.
Na mitologia Mesopotâmia o herói mais famoso é Gilgamesh, rei de Uruk, e Ekindu seu melhor amigo e por sua vez herói de muitas batalhas. Os dois sempre lutavam bravamente não só para vencerem, mas também para se imortalizarem como heróis: a imortalidade que se obtém quando a fama do herói sobrevive à sua morte. Todavia, quando Ekindu morreu em uma batalha, Gilgamesh, louco de dor, não só colocou diante de si o problema da imortalidade verdadeira, mas acreditou que poderia devolver a vida ao amigo. Com este fim começou a procurar o único homem que havia conseguido vencer a morte, Sitnapistin, aquele que havia vencido o dilúvio universal. Após inúmeras e perigosas peripécias o encontra, mas só consegue obter dele o chá de uma planta que tem o poder de rejuvenescer. A imortalidade, explica Sitnapistin, só os deuses a possuem.
Nos registros históricos Babilionenses existe uma lenda idêntica a do dilúvio universal bíblico e Persa, mudando, no entanto, no que diz respeito ao nome dos protagonistas: o deus é Ea - rei dos oceanos, e o homem justo a quem Ea pede construir uma arca e se salvar é Sitnapistin.

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