quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

(16)- CIVILIZAÇÕES ANDINAS

As civilizações que se desenvolveram na América central, mesmo se em alguns níveis culturais se diferenciaram, mantiveram em comum seus deuses, mesmo se cultuados com nomes diferentes, alem da ferocidade manifesta em suas guerras e a crueldade dos sacrifícios humanos expressada em seus rituais religiosos. Características de povos bárbaros mesmo se possuíam conhecimentos científicos dignos de civilizações muito desenvolvidas.
Dos povos que habitaram a região; Olmecas, Toltecas, Chibchas, Aymarás, Quíchuas e outros, os que deixaram os maiores legados: edificações, imagens, esculturas e crenças, alem de profundos conhecimentos do universo, da matemática e da agricultura - como a do milho - foram os Olmecas, os Maias, os Astecas e os Incas.
Estas quatro civilizações, plagiando o que acontecera do outro lado do Oceano, circunscreviam seu saber ao recinto dos templos, e esta sabedoria deixou de herança pirâmides, edificações, observatórios astronômicos, esculturas e, entre estas, as cabeças gigantescas dos Olmecas e Astecas que, mesmo se esculpidas diferentemente, recordam não só as da ilha de páscoa, mas as dos povos da Mesopotâmia.
O legado, entretanto, não se restringiu a isso, porque para construir o que construíram, como os povos do Mediterrâneo possuíam profundos conhecimentos de matemática e astronomia. Sem estes, não lhe teria sido possível calcular o ciclo solar, o lunar, a órbita de Vênus, os solstícios e um calendário quase tão perfeito com o Gregoriano. Nos planaltos andinos, alem disso, praticou-se a mumificação dos mortos em celebrações ritualísticas semelhantes às de Isis e Osíris no Egito. Para sermos mais específicos, “é como se estas civilizações tivessem se desenvolvido sob a batuta dos mesmos mestres que tiveram os Hindus, os Chineses, os Egípcios, os Assírios, os Sumerianos os Celtas e de muitos outros povos do alem mar.”

A verdade é que todos os livros e tradições religiosas da antiguidade guardam, entre si, a mais estreita unidade substancial. As revelações evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento. Todas se referem ao Deus impersonilificável, que é a essência da vida de todo o Universo, e no tradicionalismo de todas palpita a visão sublimada do Cristo, esperando em todos os pontos do globo.
Os vários povos do mundo traziam de longe as suas concepções e as suas esperanças, sem falarmos das grandes coletividades que floresciam na América do Sul, então quase ligada à China pelas extensões da Lemuria, e da América do Norte que se ligava à Atlântida.
Não é, porem, nosso propósito estudar aqui outras questões que se não refiram à superioridade do Cristo e à ascendência do seu Evangelho, nestes apontamentos despretensiosos. Citando, porem, todos os povos antigos do planeta, somos compelidos a recordar, igualmente, as grandes civilizações pré-históricas, que desabrocharam e desapareceram no continente americanos, de cujos cataclismos e arrasamentos ficaram ainda as expressões interessantes dos incas e dos astecas, que, como todos os outros agrupamentos do mundo, receberam a palavra indireta do Senhor, na sua marcha coletiva através de augustos caminhos.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
e psicografado por Francisco Candido Xavier.

Olmecas -A cultura Olmeca, considerada a mãe das demais civilizações da América Central, nasceu na região que se situa entre a cidade de Veracruz ao sul, Tabasco do lado oriental e seus limites opostos estão entre o rio Grijalva e o Papaloapa. Suas capitais foram: La Venta, San Lorenzo, Lagunas de Los Cerros e Tres Zapotes.
Designa-se olmeca o grupo que habitava o sul da região, perto de Veracruz e ao norte perto de Tabasco. Seu nome deriva de náhuatl.
A região que este grupo indígena ocupou, entre as serras e o golfo do México, tinha um alto grau de umidade. O motivo era a abundancia de água em forma de lagos, rios e pântanos. Esta característica era propicia à caça, a pesca e a captura de marisco, enquanto que a agricultura, mesmo se não suficientemente explorada, produzia milho, feijão e abóbora que era o alimento principal de todos os povos da América Central. Alem disso, domesticavam animais como o cachorro, e aves, e praticavam a apicultura.
O numero de construções, conservação e restauração das edificações para fins religiosos, e a quantidade de esculturas monumentais e de pequeno porte, induz a crer que o sistema de governo adotado era teocrático, ou seja, o que se acredita que emana de deus.
Os centros cerimoniais eram conglomerados de construções de palha retangulares, ou com paredes de madeira e cobertura de terra, ou ainda folhas, como as que continuam sendo construídas até hoje na região, sempre edificados em locais apropriados, respeitados e muito cuidados.
Em La Venta, uma de suas capitais, se encontram configurações mais elaboradas como um centro cerimonial planificado que, mesmo se nele foi erigido um monumento de terra de escasso valor arquitetônico, seu piso é de mosaico de pedra e o recinto é rodeado por colunas de basalto (rocha vulcânica muito dura), que contem no interior uma grande tumba sustentada por colunas feitas com o mesmo material.
Acredita-se que esta cultura floreceu entre os anos 1.300 a 600 a.C., repentinamente, no meio de selvas e pântanos, e seu povo abriu o espaço que desejava entre as selvas, dentre rios e montanhas, até se estender muito além das suas fronteiras iniciais. Com técnicas esmeradas e refinado sentido artístico, transformou pedras colossais, muito duras como as de basalto ou semipreciosas, utilizando pequenos instrumentos feitos de pedra ainda mais dura como a de jade de cor verde esmeralda, azul esverdeado ou ainda ametista, em estranhas figuras. Na maioria das regiões da América central se encontram obras produzidas com estilo semelhante, do que se deduz que a influencia espiritual que norteou os olmeca ultrapassou os limites dos territórios Andinos.
Por ter sido nesta área que se desenvolveram as maiores expressões desta cultura, os arqueólogos acreditam que no sitio de Las Ventas existiu um centro cerimonial que reunia os povos que desenvolveram a arte olmeca, uma herança que, infelizmente, não indica quem foram seus criadores, de onde vieram, ou que trajetória percorreram antes de se estabelecerem naquela localidade.
Os olmecas esculpiram em pedra basáltica ou andesita, com maestria, trazidas de uma distancia aproximada de 80 Km., monumentais cabeças entre 1.5 a 3 metros de altura (são conhecidas 17 cabeças completas), alem de gigantescas estatuas representando homens disformes mesclados com traços de tigres e outros animais.

É em São Lourenço, entretanto, que se tem o melhor contato com o que é definido como o estilo olmeca clássico, o mais puro, o modelo julgado primordial, considerando que as realizações artísticas que se encontram em Las Ventas, Tres Zapotes e Laguna de Los Cerros, possuem expressões algo diferenciadas, com algumas variações que podem ser atribuídas a particularidades regionais. Em muitos aspectos, todavia, são idênticas as de São Lourenço, mas em outros são muito distantes.
Não se conhece, até hoje, o procedimento técnico utilizado para produzir as peças pequenas, sem equivalência em relação à qualidade do polimento. No entanto, a produção deve ter sido vasta porque não são encontradas somente na região olmeca, mas em grande parte da América Central.
As esculturas olmecas se destacam pela sua preferência pelo volume, a massa tri-dimensional, mantendo, no entanto, a justa harmonia das formas em cada uma das suas representações. E é exatamente esta a peculiaridade da escultura olmeca clássica, onipresente nas obras monumentais bem como nas de pequenas dimensões.
Suas esculturas focalizam sempre três conjuntos: figuras corpulentas representando humanos com animais, animais diferentes entre si e uma mescla destas formas acrescidas de outras com feitios fantasiosos e imaginários. Nestas obras a predominância entre os animais é representada pela figura do Jaguar, depois deste o macaco e seqüencialmente a serpente e uma ave predadora que lembra o falcão. Em relação às figuras humanas, predomina o homem sentado com as pernas cruzadas como fazem os orientais.
Existem outras esculturas de corpos humanos, naturais, contendo entretanto alterações só nas extremidades dos membros superiores e inferiores: garras de animais no lugar das mãos, e pés com tres dedos. De outras emergem nichos que lembram túmulos, posicionados sobre blocos em forma de prisma retangular, ou altares com o eixo maior no sentido horizontal, e uma cobertura superior que se estende fechando tres lados, enquanto o frontal, livre, expõe um nicho no interior do qual se destaca uma criatura que segura nos braços uma criança.
Os olmecas, como os astecas, imitando outras culturas ao redor do planeta, durante as celebrações ritualísticas de cunho religioso, ingeriam uma substancia alucinógena que extraiam de um sapo marinho, para depois dançando até o êxtase, entrarem em contato com os espíritos dos deuses. Alem disso praticavam o canibalismo.



Os Maias - A cultura Maia, considerada uma das mais antiga do solo andino, nasceu nas montanhas ao oeste da Guatemala por volta de 2.500 a.C., e deixou como herança inúmeras manifestações da sua cultura: palácios, pirâmides, baixos relevos, esculturas, pinturas e importantíssimos conhecimentos de astronomia e matemática.
A história relata que este povo se consolidou, a partir da união de grupos étnicos desiguais, por se terem desenvolvido em regiões geográficas diferentes: montanhas, planícies, selvas tropicais, pântanos e bosques, em um território de aproximadamente 400.000 quilômetros quadrados que compreendia a península de Yucatan, o estado de Quintana Roo - a maior área de Tabasco, Chiapas - no istmo de Tehuantepec no México, a Guatemala, Belice - a parte ocidental de El Salvador, e Honduras, além de uma pequena parte da Nicarágua.
O período pré-clássico teve inicio nas montanhas ao oeste da Guatemala por volta do ano 2.500 a.C., e as primeiras migrações aconteceram aproximadamente 900 anos depois. Destas, algumas se deslocaram para a península de Yucatan e outras para Tabasco.
No pré-clássico inferior estes autóctones passaram a viver em casas feitas de troncos, selados entre si com uma mistura de lama e palha, construídas nas adjacências de “cenotes” (poços, geralmente de certa profundidade), que comumente eram encontrados em cavernas. A atividade econômica mais importante dos Maias era a colheita de frutos, a caça, a pesca e a agricultura, esta ainda em seu estagio primário.
No pré-clássico médio, em conseqüência do desenvolvimento da agricultura, o povo Maia tornou-se auto-suficiente em termos alimentares. Por redundância, livrou-se da necessidade de caçar ou pescar o dia inteiro. Sobrando-lhes tempo, começam a produzir cerâmica e desenvolver o comercio.
O pré-clássico superior encontra os Maias convivendo com os Olmecas e este relacionamento consente que as duas culturas permutem conhecimentos.
De 300 a 900 d.C., período chamado época de ouro, a cultura Maia atingiu seu maior desenvolvimento seja na área tecnológica como na social, econômica, política, religiosa e artística.
Sua população havia crescido acentuadamente, mas a produção agrícola crescera ainda mais, resultado da ampliação da área de plantio conseguida com a construção de terraços de terra cultivável ao redor das montanhas. A terra destes terraços era fértil, porque era irrigada por um sistema por eles mesmos desenvolvido que, a partir de lagos, rios, e outros reservatórios naturais, levava a água para estas áreas. O grande incremento da produtividade agrícola não só satisfez a demanda alimentar dos Maias, mas lhes permitiu destinar boa parte dela para a comercialização.
Este sucesso consentiu que os povoados crescessem, e crescendo, foi aberto um espaço para os artesões que no tempo, especializando-se em varias expressões artísticas, contribuíram para ampliar ainda mais o intercambio de mercadorias não só entre as varias tribo Maias, mas também com os demais povos da América Central, consolidando, deste modo, um crescimento econômico cada vez mais promissor.
Este desenvolvimento trouxe para a região dos Maias outros povos da América Central que, unindo-se a ele, causou algumas desestabilizações, não graves porque os governantes souberam eliminá-las antes que houvesse problemas de continuidade.
Essa etapa favoreceu a intensificação da atividade arquitetônica que redundou na construção de centenas de edifícios, pirâmides monumentais com até 70 metros de altura, e numerosos monólitos e monumentos contendo descrições hieroglíficas que detalhavam seus feitos históricos.
Tudo isso foi possível sob a tutela de um governo teocrático, aonde Deus, através dos sacerdotes, delegava poderes a civis e religiosos que, completando-se entre si, satisfaziam os anseios e interesses de toda a sociedade.
A classe dirigente, uma minoria, era sustentada pelos impostos cobrados dos camponeses e artesãos, e seus poderes, que se estendiam sobre todas as regiões, eram exercidos por funcionários que controlavam desde a atividade produtiva, à vida material e espiritual da população, passando até pelas obras publicas e as religiosas.
Ao longo destes anos as cidades que mais floresceram foram: Coba, Uxmal, Izamal, Kabah, Loltun e Acanceh, mesmo quando ouve uma recessão cuja causa, ainda não totalmente esclarecida - eventualmente uma guerra - paralisou por algum tempo o desenvolvimento desta civilização.
De 900 a 1542 o desenvolvimento continuou, mesmo se restrito à região norte, porque os Maias que habitavam a região sobreviveram a um terremoto que afastou os que viviam nas cidades da zona Central. A continuidade do desenvolvimento deveu-se ainda a influencia das culturas dos novos povos chegados, o mais importante eram os Maias Chontales que procediam do sul de Campeche e do delta dos rios Usumacinta e Grijalva, porque estes também haviam sido influenciados pelos Nahua, seus vizinhos, com os quais tinham constituindo uma cultura híbrida Maia-Nahua.
Alguns destes grupos, os Maias-Itzaes, navegaram até a ilha Cozumel, na costa oriental da península, onde se estabeleceram por algum tempo, cruzando anos depois a terra firme para ocupar Pole, deslocando-se posteriormente para Chichen Itza que conquistaram por volta do ano 918. Depois de Chichen Itza continuaram em diversas direções da costa oriental e, deslocando-se para o interior na direção de Yucatan, conquistaram e sujeitaram a tributos inúmeros povos, enquanto outras facções se estabeleceram em Bacalar, Chetumal e Coba, esta ultima abandonada desde o período clássico. Assumiram, assim, o controle da costa norte. Simultaneamente outro grupo de linhagem mexicana, os xiu, tomou Uxmal e deste local exerceram seu poder sobre uma extensa região que se estendia até o noroeste de Yucatan.
As migrações Maias, devido a sua avançada cultura, mesmo considerando que por refletirem conquistas militares sempre encerravam em seu bojo as desventuras dos povos subjugados, em um segundo momento, estes, por serem enriquecidos com novos elementos ideológicos e culturais, em pouco tempo, através das suas novas expressões artísticas, evidenciavam o teor da herança recebida.
Em 978 o tolteca Quetzalcóati-Kukulkán, acompanhado por sacerdotes, guerreiros e vários discípulos, ocupou Chichen Itza vindo de Yucatan, la chegado, segundo a história, após fugir de Tula - no planalto do México – depois de ter sido derrotado por Tezcatlipoca. Esse tolteca, enquanto para os Nahuas era Quetzalcóati, um ser quase divino, para os Maias era o deus Kukulcan que significa “serpente emplumada”.
Os Itzaes haviam se fixado em Chichen Itza porque o local, que continha dois cenotes, atendia plenamente suas necessidades: enquanto um deles, chamado Xtoloc, atendia a demanda de água da população, o outro era utilizado para os cerimoniais que ofereciam sacrifícios a Chaac, o deus da chuva.
Os Maias de Chichen Itza, e os que habitavam as áreas de sua influência, no tempo, foram submissos por chefes não autóctones - invasores estrangeiros - que lhe impuseram elementos culturais Nahua. Subjugados, seja os camponeses como os artesões, continuaram seus trabalhos, mas os tributos passaram a serem recolhidos pelos novos governantes que, além disso, impuseram novas deidades. Estas, além de exigir um maior numero de sacrifícios, ampliaram o trabalho escravo.
Esta cidade, que passou a concentrar o poder religioso, político, militar e comercial, em pouco tempo cresceu e se transformou, porque as idéias que foram introduzidas passaram a se refletir na arquitetura e nas artes. Alguns exemplos: à construção do imponente edifício el Castilho, o grupo das mil colunas, os tigres caminhando, os parapeitos em forma de caracol, as colunas com serpentes, os baixo-relevos representando guerreiros toltecas, os murais representando guerreiros navegando, as peças de madeira com figuras humanas mascaradas e os animais em atitude de devorar corações humanos.
Aparentemente, este apogeu de Chichen Itza foi facilitado por um longo período de relativa paz, aproximadamente 200 anos, que se deveu à “liga de Mayapán”, uma aliança política celebrada por volta do ano 1.000 entre Uxmal, Chichen Itza e Mayapán. Todavia, dois séculos depois, as discórdias políticas, a rivalidade motivada por interesses comerciais e a rebelião do povo que não mais tolerava ser explorado como era, provocou a dissolução da aliança e a destruição de Uxmal e Chichen Itza.
O repentino fim de Chichen Itza - segundo os historiadores - deveu-se à guerra que lhe foi declarada por Mayapán, guerra essa em que Hunac Ceel Cahuic, seu general, venceu os itzaes e os expulsou. Esse feito é conhecido nos textos Maias como “la traicion de Hunac Ceel”. No entanto, esta expulsão não provocou o total abandono do local, porque grupos Maias, por mais três séculos, continuaram peregrinando até o “cenote sagrado” para oferecer sacrifícios oferendas ao deus Chaac.
Mayapán, a partir deste episodio, se transformou no centro político e comercial mais importante de todo o norte da península, e a cidade, ampliada com a construção de mais de 2000 habitações e edifícios monumentais como os de Chichen Itza, foi cercada por grandes muralhas. A administração, que passou a ser exercida pelos Cocon – os governantes - foi absoluta e a inovação implementada para evitar rebeliões consistia em levar para Mayapán, como prisioneiros e reféns, os senhores naturais das terras vencidas e os próprios chefes Maias. Estes, que recebiam construções de certo luxo para habitar com um pequeno grupo de súditos, continuavam a receber os tributos de seus domínios, mas tinham que repassá-los aos senhores de Mayapán.
Os maiores interesses comerciais dos Cocon relacionavam-se à costa oriental e incluíam a exploração do sal e o comercio, inclusive de escravos, com os navegadores putunes com os quais realizavam intercâmbios sempre crescentes. Em conseqüência destes interesses floresceram no seu território importantes centros como Tulúm, Xelhá e Muyil.
Com o passar dos anos, porem, os Cocon tornaram-se mais exigentes: ampliaram os impostos e incrementaram o comercio de escravos que em conseqüência cresceu e se expandiu até os mercados da costa noroeste e oriental da península.
As novas exigências, depois de algum tempo, geraram anseios de revolta, revoltas que inicialmente foram debeladas por guerreiros mexicanos contratados para este fim, mas que, sucedendo-se, para serem controladas, exigiram um aparato militar cada vez maior. Contudo, isso foi possível devido à aliança militar e comercial que os Cocon haviam estabelecido com os grupos mexicanos de Tabasco e Xicalango. Foi nesse período que surgiu o arco e a flecha. Os Xiu, que haviam sido os senhores de Uxmal, julgando-se prejudicados pelos Cocon pelo fato de serem uma civilização tão antiga quanto a deles, apoiados pelos Maias que habitavam a região, se transformaram nos principais inimigos dos Cocon. A rebelião explodiu em 1441 depois que os Xiu negociaram o apoio da quase totalidade dos povos da região. Nessa oportunidade, o povo Maia, fortalecido pela união, atacou e venceu a cidade de Mayapán destruindo-a e incendiando-a até não permanecer pedra sobre pedra. O arrasamento foi tão definitivo que impediu que o local voltasse a ser habitado.
A Arquitetura - A construção foi uma das manifestações Maias mais notáveis, muitas das quais, até hoje, refletem seu esplendor porque permanecem de certa forma completas. A contribuição mais importante, no entanto, foi o conceito de manter as construções minuciosamente fechadas. O palácio de Uxmal é um exemplo. É uma enorme construção de três níveis, o primeiro, que é a base, tem 12 metros de altura, 154 metros de largura e 180 metros de fundo, sobre o qual desenvolve-se um terraço de 4 metros de altura por 25 de largura e 120 metros de fundo, que suporta, sobre ele, um edifício com 9 metros de altura por 12 de largura e 100 de profundidade.


Palácio de Uxmal Palácio de Uxmal

Outro exemplo de construção elevada é a Pirâmide Jaguar, chamada templo de Tikal pelos Antropólogos e Torre Mágica do tempo oculto, pelos esotéricos: tem mais de 70 metros de altura sobre uma base de 40.


Pirâmide dos Nichos Pirâmide Jaguar Pirâmide el Castilho

Os Maias também foram formidáveis construtores de aquedutos, cisternas, sistemas de drenagem, obras hidráulicas, fortalezas, muralhas e calçadas.
A escultura e cerâmica: - A Civilização Maia, através do legado que deixou à posteridade, demonstrou que praticamente dominou todas as técnicas da escultura: gravações em alto e baixo relevo realizadas em volumes planos e redondos que foram executadas ou agregadas a grandes monumentos. Exemplos que sobreviveram são as extraordinárias peças de madeira excelentemente entalhadas, como as molduras de Tikal e Yaxchilán, mesmo se algumas são incompletas.
Na olaria e cerâmica este povo também se distinguiu pela grande variedade de obras e de estilos nos quais utilizou pastilhas, gravações em alto e baixo relevo, cores e adornos especiais.
A escrita: - Não permanecem muitos textos escritos, os existentes, geralmente transcrições de livros antigos que tratam das tradições Maias, foram gravados sobre papel feito de cortiça de arvores. Acredita-se que existiram 13 escritos principais da história Maia, hoje, no entanto, só sobrevivem tres. O código Dresde, O código de Madrid e o Código de Paris.
A religião: - A religião era o eixo central das atividades desenvolvidas pelos Maias, porque todas elas eram executadas entre um ritual e outro. Nas cerimônias, sempre dirigidas por sacerdotes, todo o povo participava e se comportava em obediência a um mesmo entendimento em relação às coisas que consideravam sagradas.
Entre os rituais havia o jejum, abstinência, danças, coros, música, representações, canto, queima de incenso, ingestão de bebidas alucinógenas e meditação. A saúde do povo também era uma responsabilidade dos sacerdotes e estes curavam através de praticas xamãs.
Como o povo Maia sempre acreditou na imortalidade da ”consciência” (alma ou espírito), aceitavam a morte com tranqüilidade e naturalidade. Deste modo, continuavam a fazer donativos a seus antepassados mortos porque acreditavam que eles viviam do outro lado da morte. Até hoje, em algumas regiões do México, esta pratica continua e se desenvolve em sete etapas ao longo de um ritual que inicia a meia noite do dia 30 de outubro e termina às doze horas do dia três de novembro.
A matemática - O sistema matemático Maia era vigesimal e utilizava três símbolos - utilizando traços e pontos como a taquigrafia - para contar. Um ponto representava o algarismo um e o traço 05. Como o numeral 20 era a base, enquanto no sistema decimal para compor o numeral 32 é feito: (3x10)+2=, no vigesimal os Maias faziam: (1x20)+12=, escrevendo os números de baixo para cima.
A astronomia - Diz-se, por serem os Maias um povo basicamente agrícola, que foram obrigados a estudar os corpos celestes porque o comportamento destes interferia positivamente ou negativamente no sucesso das colheitas. Foi através dessa metodologia que conseguiram perceber o melhor momento para o plantio. Constata-se, ainda, que algumas cidades dispunham de construções que serviam de observatórios, e a partir das observações, os Maias conseguiram calcular que o ciclo solar tinha 365.2420 dias e o lunar 29.53086 dias. Uma avaliação impressionante, considerando que foi feita entre os anos 800 a 1.200, porque o calendário Gregoriano, criado em 1.532, indica 365.25 dias para o ciclo solar e mediamente 30 dias para o lunar.
Observatório de Chichen-Itza

Hoje as medições científicas, elaboradas a partir das mais modernas tecnologias, indicam que o ano solar tem 365.2422 dias e o lunar 29.54059 dias.
Segundo o código Dresde os Maias calcularam que o ciclo de Vênus em relação à Terra era de 583.935 dias, enquanto hoje é estimado entre 583.920 e 583.940 dias.
Vênus, o segundo planeta na ordem de distância do sol, possue uma luminosidade tão grande que quando alcança seu índice máximo projeta uma sombra perceptível na paisagem terrestre. Seu brilho não é causado tão somente pelas dimensões que possue, aproximadamente iguais as da Terra, ou porque sua órbita o aproxima deste planeta, mas pelas características das nuvens que o envolvem, uma vez que estas possuem a particularidade de refletir a luz solar. É por isso que é o corpo celeste que mais brilha no céu depois da Lua e do Sol.
Quando o planeta, percorrendo sua órbita, se encontra na posição que equivale a sua máxima distancia angular do sol (elongação Este), era chamado “Vésper, a estrela da tarde ou vespertina”, porque seguindo a trajetória que o sol faz ao se pôr, aparecia na luminosidade crepuscular. E quando o precede quando se ergue pela manha (elongação Oeste), era chamado “Lúcifer, a estrela da manhã ou matutina, pelos povos antigos que não possuíam conhecimentos de astronomia”.
Além disso, Vênus, antes de desaparecer atrás do Sol, possue as mesmas fases da Lua: nova, quarto crescente, cheia, e quarto minguante.
Talvez fossem estes aspectos que despertaram nos Maias, como nos Egípcios, a mesma importância que atribuíam ao Sol. Vênus era tão observada e estudada em seus observatórios que chegaram a calcular que entre as duas conjunções, a “inferior”, quando se posiciona entre a Terra e o sol (acontece quando seguindo sua órbita passa ao lado da terra), transcorriam 584 dias, e que na “superior” (quando se encontra do lado oposto do sol) eram necessários 224 dias para completar a sua órbita. Durante esta conjunção, quando se encontra do outro lado do sol, o planeta deixa de ser visto da terra por alguns dias, mas antes disso, por estar se afastando, seu brilho enfraquece, retornando a crescer na medida em que volta a se reaproximar da terra. Para os Maias e outras culturas da América Central, Vênus tinha um significado muito especial, porque até as guerras eram iniciadas em base aos ciclos deste planeta. Evidentemente os Maias admiravam também o sol porque que lhe rastreavam o caminho durante todo o ano.


Pirâmide do Sol Calçada dos mortos

Na cidade de Chichen Itza, durante o crepúsculo, “a serpente de luz” - o feixe de luminosidade avermelhada que emana do Sol ao se por - erguia-se a partir dos degraus externos da pirâmide El Castilho no primeiro dia da primavera, bem como no equinócio de outono.
Nas expressões artísticas dos Maias a elíptica solar é representada por uma serpente de duas cabeças, lembrando que a elíptica é o “caminho” que o sol percorre entre as constelações de estrelas fixas, que pode ser observada porque todos os planetas do sistema solar orbitam ao seu redor.
A via Láctea era chamada a “arvore do mundo” e artisticamente era representada por uma majestosa arvore florida. Era também chamada “el Wakah Chan. Wak” que significa “ascender’’, enquanto Chan o K’ an, quer dizer” serpente”: a serpente ascendente. “A arvore do mundo’’ parece que está em pé quando sagitário (constelação do hemisfério austral), está acima do horizonte”. Neste momento a via Láctea, “aparentemente”, se eleva para o norte e as estrelas e nebulosas dão ao olho humano a sensação de uma arvore. A arvore da vida dos Maias.
Em suas lendas afirmavam que nos tempos antigos existira um pássaro de fogo, de luz imortal chamado Itzam - a deusa das aves – que todas as vezes que era acendido um fogo cerimonial ele se renovava, renascia mesmo, assim como acontecia com a da arvore do mundo. Afirmavam, ainda, que no solstício de inverno o deus sol aparecia no topo da arvore do mundo.
A política e cosmologia: - Os Sacerdotes Maias organizavam todos os seus rituais em harmonia com as estrelas e a via Láctea. Celebravam “el K’ atun” a cada vinte anos, e ao fim de cada um destes períodos os governantes mandavam erigir um novo monumento comemorativo. Neste monumento - feito de pedra - gravavam os símbolos que se associavam a arvore do mundo: o pássaro de fogo e a serpente de duas cabeças. Acreditavam que quando esse cerimonial era realizado o governante era levado até o céu para se encontrar com os deuses e deste encontro resultava o fortalecimento de todo o povo.
A mitologia: - A mitologia Maia é rica de lendas inspiradas nos seres da natureza. Entre estas se destaca o cervo - o símbolo do Criador. A serpente - que representa o poder. A tartaruga - que representa o tempo e a Rã que representa a sabedoria.
A criatura que merecia o maior respeito era Hunab Ku, aquele que dava a medida do todo e dos tres deuses principais: Kukulcan - rei do poder. Pakal Votan - o senhor do tempo e Zamna - o mestre da sabedoria. A estas três divindades os Maias atribuíam respectivamente a concepção do governo, o calendário e a filosofia.
Os calendários: - Os Maias, como exímios observadores do tempo, desenvolveram diversos calendários: o calendário ritual, o calendário lunar, o calendário dos nove Senhores e o Tun. Este ultimo, considerado civil, é formado por dezoito unidades de ciclos de 20 dias, totalizando 360, aos quais eram acrescidos cinco dias chamados “Uayeb” para completar o ciclo solar de 365.
A organização social: - A civilização Maia era organizada em cidades-estado, cada uma delas localizada em uma zona geográfica diferente, cujos governantes eram obrigados a compartilhar a religião, a cultura, a literatura, os recursos e as terras disponíveis com todos os grupos étnicos da família Maia, estirpe esta que, por longos 4.500 anos, continuou a ser integrada por novos grupos até que toda a região, depois do evento Hernán Cortez, foi transformada em colônia Espanhola.

Os Astecas - Os Astecas afirmavam que seus ascendentes haviam vindo de uma ilha chamada Aztlan e nesta ilha, de terreno plano a exceção de uma montanha em seu centro, existiam sete cidades e seus habitantes eram deuses. Estes deuses, segundo eles, haviam abandonado a ilha atendendo a uma ordem divina, mas seus descendentes, de tempos em tempos, continuavam visitando o povo Asteca.
Os descendentes destes deuses eram descritos como homens brancos, barbudos, de nariz aquilino, que prosseguiam visitando-os com o objetivo de seguir lhe ensinando as artes da civilização. E depois de permanecer durante algum tempo, partiam novamente prometendo retornar.
O nome da ilha, Aztlan, deriva de duas palavras Astecas: “Atl” - água, e “Na” - perto, mas, além disso, a vogal “A”, e as consoantes “Z-T-L-N”, participam da composição de inúmeros nomes de locais e pessoas no contesto dos povos pré Colombianos. Aztlan era uma ilha e Atlântida era uma civilização que se desenvolveu sobre ilhas.
“Os vários povos do mundo traziam de longe as suas concepções e as suas esperanças, sem falarmos das grandes coletividades que floresciam na América do Sul, então quase ligada à China pelas extensões da Lemuria, e da América do Norte que se ligava à Atlântida.”
Essa lenda foi a responsável pela queda do Império Asteca, porque quando chegaram as tropas espanholas lideradas por Hernán Cortez e Fernão Pizarro, em treze de agosto de 1520, Montezuma, o imperador Asteca, ao vê-las chegarem a seus domínios “homens brancos com armaduras reluzentes” ao invés de os enfrentar militarmente – atitude reflexa da tradição guerreira - as recebeu com festas porque acreditou que eram os deuses que estavam retornando depois de mais uma longa auxencia. Quando percebeu seu erro tentou corrigi-lo, mas era tarde demais. Foi aprisionado, humilhado e decapitado e nos meses que se seguiram seu povo foi dizimado.
A região de Cholula, em sua origem, era habitada por teotihuacanos, mas veio a ser invadida pelos Olmecas quando estes, em seu processo expansionista, ampliaram seu domínio até Veracruz.
Os habitantes destas duas regiões, os teotihuacanos e os nahuas, quando os Olmecas chegaram, se uniram e migraram para varias localidades diferentes entre as quais a Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá, enquanto uma minoria foi para Tula, onde, com o nome de nonoalca, colaboraram com os toltecas-chichimeca na organização de um grupo social que no tempo viria a se transformar no império Tolteca. Esta migração chamou-se “los pipiles”. O grupo de tribos tolteca-chichimecas, devido às constantes mutações climáticas da região em que habitavam, se deslocaram para o vale do México onde, depois de tomarem as cidades de Acolman e Teotihuacan, estabeleceram sua nova capital em Cerro de la Estrella. Outras invasões sucederam-se, e uma delas dominou os otomíes com os quais anos depois criariam o império tolteca.
Este império, sob o comando de Topiltzim, em um primeiro momento mudou sua capital para Tulacingo e depois para Tula, porque esta cidade tinha o privilégio de se localizar em uma área que permitia controlar as incursões de tribos aborígines, ainda bárbaras, que habitavam regiões não muito distantes.
O reinado de Topiltzim foi próspero: desenvolveu a cultura, as artes, extinguiu os sacrifícios humanos e levou seu povo a cultuar o deus Quetzalcóati. Os toltecas, no entanto, que veneravam o deus Tezcatlipoca - este exigia sacrifícios humanos- se revoltaram e deflagraram uma revolução. Quando o império tolteca entrou em colapso, grupos de bárbaros que chegavam até do sul do Texas, invadiram o vale do México, conquistaram Tula, e forçaram os toltecas a fugirem para outras regiões.
Pouco depois os acoulhas se apossaram do território de Huejotzingo, se fortaleceram, e em seguida derrotaram Cholula e fundaram a república de Tlaxcala composta por quatro territórios: Tepeticpan, Ocotelolco, Tizatlán e Quiahuiztlan. Ao mesmo tempo os chichimecas, que haviam se fortalecido, se instalaram em outro território da região de tetzocana. Cresceram, se expandiram, e assumiram o idioma nahua. Estes apontamentos precedem a chegada dos Astecas ao vale do México que vinham de outras regiões da costa Mexicana.
Os Astecas eram “atlacachichimeca”, que significa caçadores e pescadores, e tinham o costume de acender a cada 52 anos - um ciclo do seu calendário - um fogo “fuego nuevo”. Uma festa ao longo da qual era mantida acesa uma grande fogueira para comemorar o começo de um novo período.
O primeiro período havia sido o de Coatépec, na região norte-oriental do vale no ano 1163 d.C., quando nascera, segundo suas crenças, Huitzilopochtli - colibri do sul - o deus da guerra e do sol, filho de Coatlicue, um feiticeiro que cultuava Tezcatlipoca, que era o deus da noite e da magia associado ao destino dos homens e da realeza. Cinqüenta e dois anos depois, no ano 1215 d.C., apos muitas migrações, passando por Tula chegaram a Apazco onde realizaram o segundo “fuego nuevo”. Continuando seu caminho entraram novamente no vale do México, passando por Ecatépec, sierra de Guadalupe para depois se estabelecerem em Zumpango e Cuauhtitlan. Destes locais partiram novamente - sempre deixando grupos deles atrás de si – e chegaram a Tecpayocam, atual cerro de Santa Isabel, onde acenderam seu terceiro novo “fuego” no ano de 1267.
Algum tempo depois partiram novamente e adentraram no território de Azcapotzalco, governado por Acolnahuacatzim, que lhe permitiu permanecer em suas terras desde que pagassem tributos. Mas quando o primeiro rei Huitzilihuiti assumiu o poder - entre 1273 e 1276 – partiram e foram para Chapultépec.


Resumindo: desde que Tula havia sido deixada, e até se estabelecerem em Chapultépec, não permaneceram mais do que um ano em cada local, porque, como as terras tinham dono, ninguém os queria como vizinhos: tinham o péssimo costume de roubar mulheres casadas, brigavam por qualquer motivo e alem disso praticavam cruéis sacrifícios humanos
Estas suas atitudes, por fim, revoltaram vários dos seus vizinhos a ponto de se organizarem militarmente para enfrentá-los. Em 1319, sob o comando de Xaltocan, foram vencidos e confinados em Tizapan – um local cheio de cobras - e transformados em escravos. Anos depois, porém, as forças que os haviam vencido, que continuavam guerreando os xochimilcas, arrolaram os Astecas como soldados mercenários e lhe ofereceram a liberdade em troca de 8.000 prisioneiros inimigos. Realizadas as prisões, sendo os soldados Astecas numericamente insuficientes para conduzir um número tão elevado de prisioneiros, os mataram e levaram suas orelhas para Coxcoxtli, o senhor de Colhuacan. Este, horrorizado, não somente lhe deu a liberdade como havia prometido, mas permitiu, ainda, que se estabelecessem em Maxicatzingo.
Depois de instalados, começaram a edificar um templo para o deus Huitzilopochtli, entretanto, como haviam enganado Coxcoxtli - este lhe havia oferecido uma filha para ser rainha e deusa i isso não acontecera - este ordenou ao seu exercito que os perseguisse e não lhe dessem trégua até os derrotar.
O acaso, entretanto, lhe foi favorável. Conseguiram fugir e se salvaram escondendo-se em uma ilha deserta. Neste local, segundo suas lendas, o deus Huitzilopochtli lhe mandou um sinal: viram uma águia devorando uma serpente. Nesta ilha, então, em 1345, fundaram Tenochtitlan. Doze anos depois outro grupo Asteca chegou á região e se estabeleceu em uma ilha vizinha e em 1357 fundaram Tlatelolco. Algum tempo depois - descobertos e vencidos por Azcapotzalco – por terem sido os vencidos lhe foi exigido o pagamento de pesados tributos. Por não terem como pagar, mais uma vez foram arrolados como soldados mercenários, e como tais, tiveram que lutar em muitas batalhas.
Em 1450, superadas finalmente as dificuldades que até então os havia perseguido, conseguiram se estabelecer em um território que lhe pertencia porque o haviam conquistado militarmente. Finalmente, parecia que o pior havia passado. Entretanto, neste mesmo ano, por causa de uma longa estiagem e talvez pela falta de maiores conhecimentos de agricultura, foram surpreendidos pela fome. Esta nova dificuldade, interpretada sob a ótica de suas crenças devido ao contumaz esforço da classe sacerdotal, os levou mais uma vez a pratica de sacrifícios humanos, pratica essa há tempo abandonada. Só que, a partir desse momento, em números jamais antes ousados.
Os sacerdotes, que há tempo esperavam uma oportunidade como essa, passaram a afirmar que a terra havia se tornada improdutiva porque o Sol, sem energia, não conseguia mais vivificá-la. Para resolver o problema, diziam, existia uma única solução: espargir muito sangue humano para que o equilíbrio entre o Sol e a terra fosse restabelecido. Deste modo à classe dirigente não só decidiu restabelecer os sacrifícios humanos, mas determinou o numero de vitimas apropriado para ter o volume de sangue necessário para molhar suas terras.
Considerando que o seu calendário possuía 18 meses, cada mês com vinte dias, programaram para o inicio de todos os meses uma grande festa para a consumação dos sacrifícios. A tarefa de agendar as festas, em si mesma, era muito simples, a dificuldade residia em disponibilizar para cada uma delas o numero de vitimas que havia sido acertado, porque estas, tradicionalmente, sempre eram prisioneiros de guerras. As contendas armadas, porem, continham seus próprios riscos, e a única forma de minimizá-los era mantê-las contra forças militares menos poderosas do que as deles. Essa, entretanto, não era uma solução, porque quando um povo era atacado outros a ele se juntavam para enfrentar o invasor. Resolveram então acordar com os demais senhores das áreas vizinhas, vitimas da mesma estiagem, um estado de guerra permanente, não com o objetivo de conquistas, mas unicamente para aprisionar mês a mês o numero de soldados adequados para que as partes contassem, permanentemente, com o numero de vitimas que desejavam para oferecer a seus Deuses. Estas guerras foram chamadas “guerras floridas”.
A estiagem, que se prolongou por cinco anos, foi sucedida por um período de intensas chuvas, o que fez pensar aos Astecas que estavam sendo protegidos pelos deuses. Militarmente mais fortes do que nunca, deixaram de brincar e começaram a tomar as terras dos outros, exigindo-lhes, ainda, o pagamento de pesados tributos para se assegurarem que jamais voltariam a sofrer outras crises. As guerras sucederam-se e houve muitas delas, e nelas, mesmo se em algumas houve perdas, na maioria os Astecas foram vencedores. Fizeram desse modo muitas conquistas, especialmente sob o comando de Montezuma. Esse, que sempre forçava os vencidos a lhe pagarem pesados tributos: ouro, pedras preciosas, cacau etc., logo se transformou em um imperador muito poderoso. Montezuma morreu em 1469 e foi substituído por Axayácati, o primeiro de três irmãos que reinaram um após o outro.
O império, através da sua ousadia militar, continuou se expandindo, se fortalecendo e enriquecendo. Para agradecer estes tempos de graças, só no ano de 1487 ofereceram aos deuses do templo de Tenochtitlan mais de 20.000 sacrifícios.
Os Astecas, no entanto, por jamais estarem satisfeitos, explorando o fato que a experiência militar os havia tornado quase invencíveis, não paravam de guerrear. Destarte, naqueles anos, foram incontáveis suas conquistas e com elas o império Asteca continuou crescendo até se transformar em monarquia em 1515.
Entretanto, como sempre acontece em qualquer latitude desse planeta, para eles também depois da bonança sobreveio à tempestade, e essa, chegou no dia treze de agosto de 1520. Nesta data, o imperador Montezuma, ao ver as tropas espanholas adentrar em seus territórios, ao invés de mobilizar seu exército vencedor de incontáveis batalhas, acreditando que eram os deuses que estavam de volta, as recebeu com festas. Montezuma foi preso e decapitado, enquanto seu povo, inicialmente extorquido (a exigência de ouro pelos espanhóis), depois foi dizimado. Os estudiosos enfatizam que muitos Astecas conseguiram fugiram, entretanto, como até hoje ninguém encontrou seus vestígios, o local para onde eles foram - mesmo se existem muitas lendas a respeito - permanece um segredo.
O calendário: - O calendário é uma incontestável evidencia dos conhecimentos de matemática e astrologia que os Astecas possuíam. Contém imagens dos dias, meses, sois e ciclos cósmicos. Tem 3.6 metros de diâmetro, seu peso é de vinte e quatro toneladas e foram necessários 52 anos para completá-lo, de 1427 até 1479, isso porque, segundo é afirmado, foram utilizadas ferramentas feitas de pedra.
O calendário Asteca (103 anos mais velho do que o Gregoriano) originalmente havia sido posicionado no topo do Templo Principal ao sul da cidade de Tenochtitlan, Capital do Império Asteca, pintado de vermelho, azul, amarelo e branco.
Quando os espanhóis conquistaram a cidade, o retiraram e enterraram. A partir deste momento permaneceu desaparecido por cerca de 250 anos, até que, em dezembro de 1790, foi encontrado casualmente durante as reformas da Catedral. Hoje este calendário se encontra no Museu Nacional de Antropologia da cidade do México.

Calendário Asteca
O rosto de Tonatiuh, o deus Sol - considerada a primeira fonte de vida - está no centro do calendário, e ao seu redor estão esculpidas quatro imagens, cada uma delas representando os cenários do fim de cada um dos quatro movimentos - conhecidos também como os quatro sois ou quatro períodos.
O primeiro por animais selvagens.
O segundo pelo vento.
O terceiro pelo fogo.
O quarto por inundações.
O quinto e último era aquele que estavam vivendo, sendo assim, ainda era uma incógnita.
O primeiro circulo do calendário contem vinte espaços, cada um deles contendo o nome dos vinte dias do mês Asteca: Coati, Cuetzpallin, Calli, Ehecati, Cipactli, Xochiti, Quiahuati, Tecpati, Ollin, Cozcacuauhtli, Cuauhtle, Oceloti, Acati, Malinalli, Ozomantli, Itzquintli, Ati, Tochtli, mazati e Miquiztli.
O ano Asteca tem 18 meses, cada um contendo vinte dias ou seja, 360 dias (18x20), mais cinco conhecidos como Nemontemi, que eram os dias dos sacrifícios.
Existe ainda um outro circulo, dividido em quadros e seções com cinco pontos, que provavelmente representam a semana com cinco dias. Além disso, o circulo possue oito ângulos que dividem o calendário em oito partes, representando cada uma delas os raios de sol orientados pelos pontos cardinais.
A parte inferior do calendário contem a imagem de duas enormes serpentes, face a face, com seus corpos divididos em seções que assinalam os ciclos de 52 anos. Entre suas caudas, ainda, há um quadro contendo uma data: “13 acati”, data essa que segundo os estudiosos corresponderia ao ano em que o calendário foi concluído: 1479 d.C.
Ao redor do calendário existem oito olhos, e no centro de cada um deles há uma pequena haste que nos dias de sol projeta sua sombra sobre as figuras do calendário. Isso demonstra que era utilizado também para medir o tempo solar.
Os Deuses:– Huitzilopochtli, etimologicamente significa pássaro mosca, o mesmo que é retratado em uma lenda que diz que antes de chegar a ser o deus Sol e da guerra, Huitzilopochtli havia sido um deus totêmico, um colibri. Huitzilopochtli, segundo a mesma lenda, fora concebido por uma “mãe virgem” chamada Coatlicue, que alem de só vestir roupas confeccionadas com peles de serpentes, já possuía uma filha e numerosos filhos: os “Centzon-Huitznnahuas”, ou os “quatrocentos meridionales”.
Segundo a lenda, um dia Coatlicue estava orando no templo do Sol e, quando colocou sobre seus seios uma coroa de plumas de colibri que recebera do céu, ficou instantaneamente grávida de Huitzilopochtli. Sua filha, irritada, por crer que a mãe havia perdido a honra, solicitou aos quatrocentos meridionales (as estrelas que surgem no pólo meridional consideradas inimigas do sol) que a matassem. Coatlicue, porem, conseguindo esconder-se deles, pariu Huitzilopochtli já inteiramente armado. Estava protegido por uma armadura azul, tinha a cabeça e a perna esquerda adornadas com penas de colibri e segurava uma azagaia azul na mão direita. Após nascer matou sua irmã e servindo-se de Xiuhcoalti, a serpente de fogo - seu atributo pessoal - aniquilou os Centzon-Huitznnahuas e todos os que haviam participado do complô para matar sua mãe.
Huitzilopochtli, além de ser o deus da guerra, era o deus sol. Por isso, quando lhe eram oferecidos sacrifícios, os corações dos sacrificados eram arrancados de seus corpos e expostos ao sol em recipientes de pedra chamados quanhxicalli (recipientes da águia), porque era uma das formas que ele podia assumir. A sua imagem, gravada em um templo no México, é a de um guerreiro com a parte superior do rosto pintado de preto, uma armadura de penas, um escudo na mão esquerda e uma espada na direita.
Tezcatlipoca era o deus do sol do verão, aquele que faz amadurecer as colheitas e ao mesmo tempo trás a seca e a esterilidade da terra. Era também conhecido como o deus da tarde, e como tal, era considerado semelhante à lua. Por esta razão recebia nomes diferentes de acordo com a festa em que era invocado, e em algumas delas, era consagrado também como deus da musica e da dança. Tezcatlipoca era invisível, não palpável, e às vezes aparecia aos homens como uma sombra fugitiva, um monstro espantoso ou um Jaguar.
Diz à lenda que Tezcatlipoca durante a noite assumia a forma de um gigante que, enredado por um véu cinzento, caminhava segurando sua cabeça na mão. Com esta aparência, se cruzava com um cobarde, este morria, mas se era com um valente, era por este agarrado e, se não o soltasse, o gigante imprecando suplicava para ser solto imediatamente, mas se o homem o segurasse até os momentos que precedem o alvorecer, este para ser libertado antes da luz raiar oferecia riqueza e poderes invencíveis. Os Astecas temiam Tezcatlipoca mais do que qualquer outro deus, e para agradá-lo lhe ofereciam sacrifícios humanos.
Tezcatlipoca era inimigo de Quetzalcóati desde que este tentara ajudar os toltecas contra a ação que intentara com o fim de destruí-los, porque Quetzalcóati era o deus mais importante desse povo, antes de se tornar, depois da destruição deste, uma das principais divindades Astecas.
Segundo esta lenda, os toltecas um dia viram entrar na sua cidade três bruxos - um dos quais era Tezcatlipoca - e este, sob a aparência de um belo jovem, alem de seduziu a filha do rei Uemac, que era sobrinha de Quetzalcóati, em uma festa, entoou um cântico mágico tão irresistível que, ao ser cantarolado por muitos toltecas, estes, sem o saber, se submeteram a seus poderes. Sob este efeito, foram levados até uma ponte que com o seu peso quebrou. Caindo no rio, os toltecas se transformaram em pedras.
Feito isso, o jovem voltou à festa e, fazendo dançar magicamente um boneco na palma da sua mão, chamou a atenção de todos. Maravilhados, os Toltecas se amontoaram ao seu redor, mas a multidão era tamanha que muitos morreram asfixiados. Demonstrando-se penalizado com o acontecido, pediu aos cidadãos de Tula que o matassem para pagar pelos males que havia causado, entretanto, depois de ser atendido, seu corpo logo começou a exalar um odor que envenenou os toltecas presentes. Quando os sobreviventes conseguiram finalmente sobrepujá-lo, o expulsaram da cidade, mas a maioria dos toltecas já havia morrido.
Tezcatlipoca era representado por uma caveira, olhos muito brilhantes e face sulcada por estrias amarelas e pretas. Seu corpo também era preto, e em seus tornozelos havia laços repletos de mini sinos. Era causador de discórdias e guerras, mas também distribuía riquezas. Quetzalcóati, que já era conhecido em tempos anteriores, era considerado o deus do vento e, segundo a lenda tolteca, era meio humano e meio sobrenatural. Seu nome ainda era utilizado por reis e sacerdotes, porque era considerado um reformador religioso que pregava ensinamentos desconhecidos. Por este motivo enfrentou Tezcatlipoca, no entanto, por ter sido vencido, foi expulso de Tula.
Diz-se que as raízes do enfrentamento entre Tezcatlipoca e Quetzalcóati foram as diferencias de cunho social e econômico existentes entre o povo, porque desde suas origens, os Olmeca haviam se desenvolvido culturalmente e economicamente, enquanto os de origem Nahuas, além de serem pobres, possuíam uma tradição religiosa muito primitiva.
A lenda ainda relata que Quetzalcóati e seus discípulos, ao deixarem os poucos cidadãos que sobraram em Tula, prometeram que um dia retornariam, mas que ao fazê-lo teriam os traços de homens brancos e barbudos.
O matrimonio: - Na sociedade Asteca o homem só podia ter uma esposa (Cihuatlantli), e o casamento acontecia em uma cerimônia (ritual) especifica. Entretanto, era permitido que o homem tivesse o número de concubinas que desejava, desde que comprovadamente possuísse os meios para mantê-las.
Na cerimônia nupcial os jovens, entre 20 e 22 anos, sentavam-se um em frente ao outro, ao lado do fogo, trocavam as vestes e se alimentavam mutuamente. Esta postura simbolizava a promessa que daquela data em diante, e ao longo de toda a vida, os dois sempre ajudariam um ao outro. Havia o divorcio, mas para ser valido, devia ser obtido através de sentença judicial. Conseguida, as partes podiam se casar novamente.
A religião: – Os Astecas exprimiam sua religiosidade através de rituais cuja culminância eram os sacrifícios, costume este que foi se ampliando na mesma proporção em que a população crescia. Isso porque por um lado havia um grande número de deuses, e do outro, um corpo sacerdotal muito numeroso cujo comando era exercido pelo sacerdote chefe que assumia o nome de Quetzalcóati.
Sob o comando deste, havia uma complicada hierarquia clerical e uma escola que tinha a responsabilidade de formar noviços em todas as áreas do sacerdócio: xamanismo - a pratica na qual o religioso em transe, após a ingestão de bebidas alucinógenas, relacionando-se com os espíritos e com as forças da natureza, curava enfermos ou executava outras tarefas, e o magismo – a arte de fazer previsões, estudar as escrituras sagradas e exercer o ascetismo.
Os Astecas acreditavam que a criação do todo, além da vida dos homens, era obra dos deuses Ometecutli e Omecihuati, e que seus quatro filhos zelavam para que o trabalho iniciado por seus pais se perpetuasse. Esses eram: Tezcatlipoca, Xipe totec, Quetzalcoatl e Huitzilopochtli.
Acreditavam também que o destino do mundo era ser construído e destruído cinco vezes. Estes ciclos eram chamados sois, idades ou períodos. Destes cinco, quatro já haviam acontecido, e o quinto era o que estava em curso.
1-Naui Ocelot. Na primeira idade da terra (primeiro sol), que teve a duração de 676 anos, o mundo era habitado por gigantes que foram devorados por feras selvagens. O sol só possuía metade do seu brilho.
2-Naui Ehecati. Na segunda idade da terra (segundo Sol), que teve a duração de 364 anos, o mundo era habitado por humanos que se alimentavam com os frutos de uma arvorem leguminosa chamada “mezquite”. Como havia fortes ventos provocados por gigantescos furacões (estes provocariam o fim do segundo ciclo), os homens foram transformados em macacos para que pudessem viver nas arvores. O sol também foi destruído.
3-Naui Quihuitl. Na terceira idade (terceiro Sol), que teve a duração de 312 anos, o mundo era habitado por humanos que se alimentavam de sementes aquáticas. Depois foram transformados em cachorros, perus, pássaros e borboletas até que todos foram destruídos por chuvas vulcânicas que caiam do céu.
4- Naui Atl. Na quarta idade (quarto Sol), que se prolongou por 676 anos, os humanos se alimentavam de sementes selvagens e foram transformados em peixes porque o mundo foi destruído por enormes inundações. Até o céu se quebrou.
5-Naui Ollin. A quinta idade era a que estava em curso, e segundo eles, os deuses a estavam oferecendo aos povos do Centro América como uma ultima oportunidade. Os cataclismos que haviam destruído os quatros sois anteriores, tinham deixado um espaço vazio na organização cósmica, por isso o quinto Sol foi criado em Teotihuacan pelo deus Nanahutzin quando, ao se jogar em uma fogueira, se transformou no Sol nascente.
No inicio este sol não tinha força e por isso, permanecia imóvel no céu. Os demais deuses então se sacrificaram e lhe ofereceram seu sangue, a energia que necessitava para se movimentar no espaço celeste.
Esta lenda era o precedente que levava os Astecas a crerem que sem o sangue humano a vida do universo não tinha continuidade, e sem ela, o quinto sol também. Acreditavam que o sangue humano continha uma substância líquida preciosa, chamada “chalchihuatl”, único alimento apropriado para os deuses. Mesmo assim, a quinta idade, como as quatro anteriores, um dia teria fim e este seria causado por um grande terremoto.
De acordo com esta lenda, quando iniciou o quinto sol - lembrando que a raça humana havia sido destruída no fim do anterior - os deuses se reuniram para decidir como o homem poderia voltaria para habitar o mundo. Quetzalcoatl, então, foi à terra dos mortos chamada Mictlan e chamou o Senhor e a Senhora deste reino e lhes disse: vim até aqui para retirar os ossos dos mortos que vocês guardam. Eles então perguntaram: o que você deseja fazer com eles Quetzalcoatl? Ele respondeu: os deuses providenciarão para que voltem a viver na terra. O deus dos mortos inicialmente não quis atender Quetzalcoatl, porque, afinal, aquele era o seu reino, mas após varias argumentações se convenceu e entregou os ossos. Estes, que incluíam os dos homens e os das mulheres, depois que os deuses os umedeceram com o seu próprio sangue, renasceram e se transformaram nos seres que viviam naquela epoca.
Estas lendas, em sua essência, são similares as que nas demais localidades do mundo simbolizam o deus bom, talvez um sobrevivente das civilizações esquecidas, que enfrenta o deus mau: “Tezcatlipoca era representado por uma caveira, olhos muito brilhantes e face sulcada por estrias amarelas e pretas. Seu corpo também era preto, e em seus tornozelos havia laços repletos de mini sinos”, pela descrição provavelmente um feiticeiro. Em relação aos cinco períodos, ou sois, sem muito esforço podem ser divisadas épocas entre os cataclismos que abalaram o planeta, por muitos povos entendidos como o inicio do mundo ou como o dilúvio universal.
Os sacrifícios: - O culto religioso tinha como essência os sacrifícios humanos, e estes eram entendidos e aceitos pelos Astecas como um tributo que os homens deviam pagar aos deuses. Durante o culto, oravam: “como deus que você é, recusa o alimento grosseiro que o homem utiliza, mas fortaleça sua vida alimentando-se da substancia mágica que existe no sangue dos nossos corações”.
Para estes seres, a guerra, a conquista e a subjugação de outros povos, não eram realizações com objetivos tão somente políticos e econômicos, mas também religiosos, porque era desta forma que conseguiam os prisioneiros para imolá-los a seus deuses. O sacrifício mais praticado consistia em arrancar o coração da vitima para em seguida oferecê-lo ao deus que estava sendo homenageado. Com este fim, quatro sacerdotes seguravam o escolhido, cada um segurando a vitima por um dos membros sobre a pedra-altar chamada Techcath, enquanto o quinto sacerdote, de um só golpe, utilizando uma lamina feita de pedra, lhe abria o peito, retirava o coração ainda pulsando e o oferecia ao deus colocando-o em um recipiente de pedra chamado “Cuauxicalli”, enquanto o sangue do imolado era oferecido para degustação aos ídolos, ou espalhado sobre a terra para torná-la fértil. A carne da vitima, considerada divinizada pelo sacrifício, era consumida durante o ritual.
Quando a festa era oferecida a Xiutecuchtlil - deus do fogo - o escolhido era jogado em um imenso braseiro, enquanto outra forma de sacrificar, consistia em amarrar o prisioneiro para que fosse alvejado com flechas até morrer. Entretanto, quando a festa era oferecida ao deus Xipe, ou à própria terra, a vitima depois de morta era esfolada e sua pele era vestida pelo sacerdote.
Havia também o sacrifício chamado “gladiatorio”, oferecido ao Deus Tlacaxipehualiztli. Neste, a vitima entrava na arena para combater guerreiros muito melhor armados do que ela, até que viesse a morrer.
Havia meses que eram consagrados ao sacrifício de crianças. Estas, vestidas como princesas e adornadas com plumas, enquanto eram levadas pelos sacerdotes até o cimo das montanhas, eram acompanhadas por tocadores de instrumentos musicais que cantavam e dançavam. Esta cerimônia destinava-se a pedir chuva, e se a criança chorava, era um bom sinal. Neste caso, igualmente, arrancavam o coração da vitima.
Para a festa do deus Toxcati, realizada anualmente, doze meses antes era escolhido entre os prisioneiros o jovem mais bonito, para submetê-lo a um treinamento ao longo do qual aprendia a cantar, tocar flauta, cultivar flores e fumar. Em seus aposentos, havia oito criados para alimentá-lo, vesti-lo luxuosamente, lhe satisfazer todos os desejos e organizar em sua honra muitas festas com muitas danças.
Vinte dias antes da data do sacrifício, o escolhido recebia a ultima homenagem: quatro moças para satisfazê-lo sexualmente. Chegado o dia, o jovem era conduzido com pompa alem dos limites da cidade e era sacrificado pelos cinco sacerdotes.
As caveiras dos sacrificados eram conservadas sobre os “Tzompantli”, os grandes degraus feitos de cal e pedra ao redor dos templos (pirâmides). Só ao redor da pirâmide de Tenochtitlan, nos tempo das grandes conquistas Astecas, havia mais de 136.000 caveiras.
O governo: - O império Asteca era composto por cidades-estados, cada uma sob a responsabilidade de um governador chamado Tlatoani - aquele que fala e comanda - que era designado por um colegiado eleitoral composto por treze dignitários supremos escolhidos entre sacerdotes, guerreiros e pessoas comuns. A figura do vice-imperador, chamado Ciuacoate, foi introduzida por Montezuma com a responsabilidade de organizar expedições militares, julgar apelações, substituir o imperador quando ausente e presidir o grande conselho.
Os Incas - Por volta do ano 1.100 d.C., liderados por Manco Cápac e suas irmãs, os incas, a procura da terra que suas lendas prometiam, migraram do centro da Bolívia para Cusco, um vale fértil ao norte da atual República do Peru, e chegados ao local, finalmente, seu lendário bastão de ouro, sem esforço, penetrou terra adentro. A lenda dizia que quando isso viesse a acontecer, seria a indicação para ali se estabelecerem. Entretanto, como a região era habitada, tiveram que enfrentar militarmente seu povo para tomar posse dê-la.
Quando finalmente alcançaram a vitória final, erigiram no local a sua primeira grande obra: a construção chamada “Coricancha”, ou seja, o templo do sol.


Esse templo, como aconteceu na Europa com os templos pagãos, foi transformado pelo catolicismo na igreja e convento Santo Domingo

Por algumas dezenas de anos os Incas continuaram guerreando com as tribos dos territórios limítrofes para se precaver contra suas agressões, mas até aquele momento sem o objetivo vencê-los para lhes confiscar o território. No entanto, quando Mayta Cápac assumiu - o quarto monarca - ela adotou uma política expansionista através da apropriação militar das regiões que desejava. Pouco tempo depois, o território Inca que até então se restringia à adjacência do lago Titicaca, foi ampliado até as bacias fluviais da costa. Mas coube a Viracocha Inca, o oitavo monarca, aquele que assumira o nome do deus Inca que criara o mundo, levar seu povo a uma grande expansão. Assessorado por seus generais, não se satisfez mais com as poucas vitórias militares que vez ou outra eram obtidas pelos seus antecessores, passando a exigir vitória atrás de vitória militar, anexando os territórios conquistados a seus domínios.
Os habitantes do Titicaca, ao sudoeste de Cuzco - lupacas e Collas - eram as tribos de língua aimará que, como os Incas, eram os grupos mais poderosos da região, enquanto ao oeste de Cuzco habitavam os quéchuas, da mesma linhagem, idioma e cultura dos Incas, e ao oeste destes os chancas, que durante o reinado de Viracocha haviam ocupado o território dos quéchuas.
Os primeiros a serem invadidos foram os Lupacas, vencidos pelos Collas, porque estes últimos temiam que se aliassem aos Incas para fortalecê-los, mas algum tempo depois foi a vez destes sucumbirem diante dos Incas. Os Chancas foram conquistados em seguida.
A morte do oitavo monarca, Viracocha Inca, marcou o fim da fase das grandes conquistas, conquistas estas que se haviam projetado no tempo por meio de muitas lendas, mas seu sucessor, Inca Pachacutec, foi o principal mentor, além de artífice, do período que veio a ser chamado “império histórico Inca”. Ele e Topa Inca Yupanqui, seu filho, conseguiram a proeza de, em menos de 50 anos, estender seu império do norte do Equador até o centro do Chile, o que correspondia a uma superfície de 900.000 Km.quadrados.
A cada vitória, os chefes vencidos eram depostos e substituídos pelos “Curacas”, funcionários que lhe eram leais, e a terra conquistada era dividida entre camponeses, igreja e Estado, mas a maior parte ficava em seu poder. Inca Pachacutec criou e nomeou ainda a classe dos serviçais e a da criadagem que foi chamada “yanaconazgo”. Finalizada a expansão planejada, Topa Inca Yupanqui dedicou-se à reorganização do país, e com este fim realizou o primeiro censo de que se tem noticia na América Central.
O Estado: - Na sociedade Inca o Estado detinha a propriedade da terra – esta era dividia para ser explorada comumente, e eram dele ainda os minérios e os rebanhos de lhamas. Em troca, o Estado protegia a população da fome, dos riscos da mineração, de qualquer outro perigo ou necessidade, mas o preço que cobrava era muito alto: os cidadãos eram mantidos sob um controle tão rígido que não podiam deixar sua comunidade sem uma permissão específica, mesmo se eram eles, através do seu trabalho, que sustentavam os nobres e os sacerdotes.
As terras, mesmo se eram divididas entre o estado, a igreja e o povo, a este ultimo só era cedida a quantidade mínima para que cada família, trabalhando, tivesse como se alimentar. Para manter estes controles, as terras eram muito bem demarcadas, mas, se fossem abandonadas ou descuidadas, o responsável era punido como se tivesse cometido um grave delito.
As terras que o povo recebia, como já dito, eram por ele mesmo cultivadas, contudo, quando chegava à época da preparação da terra, da sementeira ou colheita, das terras dos sacerdotes ou do estado, vinham os funcionários responsáveis para avisar que era chegado o momento de ir trabalhar nos “campos sagrados”. As colheitas feitas nestas terras eram armazenadas em depósitos específicos e serviam para alimentar os nobres e sacerdotes.
A quase totalidade dos lhamas que se alimentavam nos pastos das zonas montanhosas também pertencia ao estado, e destes, na época da tosa, era retirada à lã que, recolhida em armazéns fechados, era depois parcialmente distribuída para o povo para atender suas necessidades.
A propriedade dos camponeses se limitava a uma casa - em anexo estábulo e celeiro - e pequenos animais domésticos, como cachorro, cavalo, patos e galinhas, além dos instrumentos para o trabalho.
A distribuição das terras para uso familiar era tão bem organizada que os camponeses que viviam nas montanhas recebiam também terras nas zonas costeiras, e vice versa, para diversificar a produção agrícola. Do povo, ainda, eram exigidas outras tarefas como o serviço militar, a construção de estradas, pontes, fortalezas etc. E este serviço era chamado “mita”.
O período mita, cobrado de todos os cidadãos saudáveis do sexo masculino entre os dezoito e os cinqüenta anos de idade, a exceção dos artistas e artesões, não era idêntico, porque em algum caso era muito longo. Os únicos isentos eram os “yanaconas”, jovens que eram separados muito cedo de suas famílias para exercer trabalho nas cortes ou na agricultura. Só que estes, diferentemente daqueles que serviam mita, não regressavam mais a seus lares porque no tempo eram destinados a assumir funções de maior responsabilidades, podendo até se tornar curacas.
Para as moças eram reservadas outras atividades: as mais belas e inteligentes, eram levadas para os templos onde eram educadas. Entre estas, as mais dotadas, eram treinadas para se tornarem sacerdotisas do deus sol, e como tais, por serem obrigadas a permanecerem virgens, eram coagidas a fazer votos de castidade perpetua. As demais, eram preparadas para os sacrifícios. Aquelas que não se sobressaiam pela beleza, chamadas “huasipascunas”, ou seja, moças descartadas, eram designadas ao trabalho comunitário.
Religião: - Durante o império Inca era o estado que sustentava a Igreja e a ela cabia curar enfermos, fazer adivinhações, interpretar presságios e garantir, através dos rituais, safras sempre mais abundantes.
Viracocha era o deus supremo, imortal, e criador da Terra e do Universo, mas os Incas adoravam também o deus inti, o Sol, considerando-o o deus principal e protetor da dinastia real.
Inti era representado por uma forma humana da qual saiam raios, e seu templo havia sido erguido em Coricancha. Depois dele vinha o deus illapa, do trovão, da água e da chuva, pois acreditavam que estas dádivas provinham de fontes celestiais. Para eles a lua, que chamavam Manaquilla, era a esposa do Sol. Outras deusas muito importantes eram: Pachamama da terra - responsável pela agricultura, e Mamacocha do mar - responsável pela pesca.
O planeta Vênus, assim como o grupo das Plêiades, também merecia muita consideração, uma vez que acreditavam que enquanto o primeiro cuidava da humanidade, o segundo protegia as sementes.
Os sacrifícios aos deuses, assim como as oferendas, eram feitos em altares que se localizavam nos longos caminhos que os Incas trilhavam para se deslocar de um lugar ao outro, chamados “huacas”. Existiam também altares só para orar que eram chamados “apachetas”.
Os Incas - como os Celtas - reverenciavam os cumes das montanhas cobertos pelas neves eternas, porque para eles os deuses não se encontravam nos templos, mas em qualquer lugar ao ar livre. Por esta razão era nestes locais que realizavam suas cerimônias religiosas.
O culto aos mortos era uma das atividades religiosas mais importantes e o cerimonial, como faziam os Egípcios, incluía a mumificação do corpo e seu retorno ao lar depois de algum tempo.
O sumo sacerdote, chamado Villac Umu, era sempre um parente do imperador, e sob o seu comando havia um corpo sacerdotal hierarquicamente muito bem organizado. Os fieis, para terem seus pecados perdoados, como faziam os egípcios às margens do Nilo, deviam se confessar diante de um destes sacerdotes.
A responsabilidade principal dos sacerdotes era prever o futuro, curar enfermos, e conservar a ordem no presente. Para executar as duas primeiras tarefas ingeriam alucinógenos e estimulantes para, através do transe, entrar em contato com os espíritos e deles receber a ajuda e os esclarecimentos que precisavam.
Havia alguns oráculos como Rimac e Pachacamac, e quando a ordem presente era mantida através de sacrifícios aos deuses, de maneira especial ao deus Sol de quem dependia o amadurecimento das colheitas, a chuva e a multiplicação dos rebanhos, os sacrifícios consistiam em oferecer plumas, pedras preciosas, milho ou animais como os coelhos. O sacrifício maior realizava-se através da morte de um Lhama, ou outros animais, porque os humanos eram poucos freqüentes uma vez que se limitavam aos casos considerados críticos, ou seja, terremotos, guerras ou pestes. Nestes momentos as vitimas eram sempre crianças pois eram considerados os sacrifícios mais valiosos.
A cerimônia mais importante era a de Inti-Raimi, realizada no mês de junho por ocasião do solstício de inverno, e para esta festa as personalidades de todas as províncias do império iam a Cuzco. Reuniam-se ao amanhecer na grande praça diante do templo do Sol, e quando os primeiros raios da aurora começavam a iluminavam o céu, se prostravam para saudar o sol nascente, aguardando que o imperador terminasse de oferecer, em um copo de ouro, um licor ao deus Sol (o licor era derramando em um conduto que o levava até sua imagem), para se levantarem.
Terminada a liturgia, o imperador bebia em outro copo o mesmo licor, e depois se deslocava para o templo onde todos depositavam, aos pés do deus Sol, suas oferendas em ouro e prata. Simultaneamente, um sacerdote procedia ao sacrifício de uma Lhama preta, lhe arrancava os pulmões e neles lia os presságios. Se estes eram desfavoráveis, todos se retiravam e a festa era encerrada, mas se eram favoráveis, muitos outros animais eram sacrificados para comemorar os bons agouros com um grande banquete.
A nobreza: - O imperador, o chefe supremo dos Incas, para o seu povo era um deus vivente, e como tal, tinha poderes absolutos. Seus filhos, assim como os filhos dos nobres, escolhiam como esposas às filhas dos monarcas vizinhos, até que esta prática foi considerada responsável pela perda de pureza na linhagem que consideravam divina. Para evitar isso, como os Egípcios, os varões passaram a se casar com as respectivas irmãs, mas sem abrir mãos de manterem um arem de esposas secundárias, chamadas “às escolhidas”, que lhes davam muitíssimos filhos. Estes filhos, no tempo, foram organizados em um grupo chamado “panaca” que passou a constituir a grande nobreza.
Os sucessores ao trono eram os filhos legítimos, ou seja, os gerados pela verdadeira esposa, e o escolhido, sempre pela sua inteligência, era educado pelo pai porque só um deus podia educar outro deus.
O imperador não podia ser visto, desta forma, em todas as entrevistas que cedia, permanecia protegido por uma cortina. Quando era agendada uma visita “cara a cara”, o visitante devia estar descalço e se curvar para indicar sua submissão.

O adorno mais característico do Imperador era uma faixa de dez centímetros de largura confeccionada com cordéis de ouro, e quando se deslocava de um lugar para o outro, era transportado em um beliche, carregado por dois servos, com toldos e cortinas bordadas para que fosse impossível velo.
Suas leis eram aceitas por todos os Incas sem criticas ou discussões, independentemente de quais fossem, pois eram leis de um deus.
Os nobres mais importantes eram seus descendentes diretos, e se caracterizavam por se adornar com grandes orelhas de ouro, enquanto que os de menor importância eram os curacas. Todos, entretanto, possuíam os mesmos privilégios: não pagavam impostos, eram custeados pelo governo, recebiam terras como prêmio, podiam possuir as esposas que quisessem, serem transportados como o imperador e usar guarda-sóis e roupas parecidas com as do Inca maior.
Os guerreiros: - As guerras Incaicas tiveram tantos sucessos que não foram igualadas por nenhum outro povo índio-Americano. As primeiras tiveram motivações econômicas, mas as que vieram depois aconteceram para satisfazer o ego do imperador que desejava continuamente resultados maiores dos que haviam sido alcançados pelos seus antecessores. Não exigiam tributos dos povos conquistados como faziam os Astecas, apenas os obrigavam a adotar a sua religião, seus deuses e se organizarem como eles estavam organizados.
Às vezes, as regiões conquistadas eram tão pobres que ao invés de contribuírem economicamente representavam um dispêndio maior, mas, por se terem organizado de uma forma que nivelava a todos, as guerras eram o único meio de se sobressair.
Nas guerras a preferência era pela luta corpo a corpo, mesmo porque ainda não conheciam o arco e flechas. Neste período ainda se usava a funda - um instrumento para o arremesso de pedras - as boleadeiras, as lanças feitas de madeira, escudos, espadas feitas com madeira muito dura e machados de guerra com a parte cortante feita de cobre ou lascas de pedra vulcânica afiada.
A guisa de armadura, para se protegerem, usavam roupas de algodão acolchoado. A proteção era tão eficaz que mais tarde, quando os espanhóis as conheceram, passaram a utilizá-las também descartando as que tinham até então utilizado que por serem feitas de aço eram quentes e pesadas. Para proteger a cabeça utilizavam um casco de madeira ou cana trançada.
Os alimentos eram assegurados através de uma rede de depósitos de provisões que era mantida, ampliada ou alterada, de acordo com as necessidades militares, utilizando lhamas. Os soldados Incas acreditavam que seus ídolos os protegiam durante as batalhas, por isso carregavam pequenos altares e estatuetas de familiares falecidos com este fim.
Depois de cada vitória era feito um censo da população sobrevivente, e depois dele era erguida uma nova capital em uma área com a extensão necessária para que a terra disponível, dividida entre as famílias, lhe fornecesse o sustento. Mas se o povo vencido era belicosos, a população era transferida para uma região suficientemente distante para inibir possíveis motins.
Durante estes anos os engenheiros militares construíram uma rede de “caminhos” que se estendia da Colômbia até a Argentina, e ao longo deles ergueram pousadas e pequenos abrigos para uso dos soldados que permaneciam de sentinela, e para o descanso dos mensageiros depois que eram substituídos.
Economia: - A economia incaica era agrícola e repousava sobre a produção de batatas e milho, além de “poroto” - feijão, “zapallo”- abóbora, tubérculos, goiabas e algodão. Os excrementos dos lhamas eram utilizados para fertilizar a terra. A cocaína, cultivada em áreas selvagens, utilizada nas cerimônias religiosas e até para fortalecer os soldados durantes as batalhas, era cuidada por moças.
Para adequar ao plantio áreas de natureza montanhosa, utilizavam o mesmo sistema das antigas tribos que habitavam a região. Esse consistia em preparar terraços de terra ao redor das montanhas que de um lado se apoiavam nela e do outro em um parapeito feito de pedras. Para mantê-los férteis, eram providos de um sistema de irrigação e deságüe.


Educação: - A educação no império incaico era reservada aos nobres, e estes estudavam em escolas na cidade de Cusco onde aprendiam matemática, aritmética e astronomia, ciências que eram consideradas imprescindíveis para incrementar a agricultura, medir a terra, calcular as estações e os melhores tempos para a semeadura e respectiva colheita.
Os sábios - amautas - responsabilizavam-se pelo ensino dos preceitos religiosos, dos conhecimentos políticos, históricos e o manejo dos “quipos” (conjuntos mnemônicos para calcular), feitos com cordões de cores variadas, com nós, que eram utilizados também para transmitir mensagens.
O povo não tinha acesso à educação. O governo procurava, porém, que todos os habitantes do império aprendessem o “quéchua”, a sua língua, não tanto por razões educativas, mas por interesse político.
Os Incas construíram um poderoso império que alcançou seu apogeu no mesmo período em que Cristóvão Colombo iniciava sua viagem da Espanha rumo ao desconhecido. Este Império se estendeu desde as serras do sul da atual Colômbia, até o norte do Chile e da Argentina, e desde a costa do Oceano Pacifico, até o oeste do vale do rio Amazonas.
Eram um povo que tinha raízes nas serras, e deste lugar dominaram, através das guerras, os povos de outras zonas, estabelecendo sua capital na cidade de Cuzco que consideravam o centro do universo.
Seu império, que eles chamavam “Tahuantisuyo” - as quatro partes do mundo - estava dividido em quatro regiões que por sua vez se subdividiam em províncias. O império era comandado pelo Inca maior e as regiões eram dirigidas por governadores ou chefes locais chamados curacas.
A sociedade Inca baseava-se no regime de reciprocidade e redistribuição. A reciprocidade consistia na pratica da solidariedade e ajuda mutua entre todos os membros de um “ayllu” - ayllu era uma comunidade de camponeses unida por vínculos familiares que tinham antepassados em comum e habitava o mesmo território. Os que integravam estas comunidades ajudavam-se mutuamente nas semeaduras e nas colheitas, e quando havia um casamento toda a comunidade colaborava na construção da casa destinada aos recém casados.
Os “ayllu” pagavam tributos em produtos e trabalho: os camponeses entregavam ao Estado parte da sua colheita, trabalhavam gratuitamente nas terras do imperador e da sua família, nas dos grupos privilegiados, e ainda nas terras do deus Sol, cujos produtos serviam para sustentar o culto aos deuses mais importantes. Esta doação de produtos e horas de trabalho por parte dos camponeses, demonstrava seu “reconhecimento e aceitação” aos dois diferentes níveis de autoridade que existiam na sociedade da qual participavam.
Eles recolhiam a parte dos produtos que lhe cabia entregar nos armazéns reais, nos quais funcionários especializados os contabilizavam e posteriormente comunicavam, produto a produto, os quantitativos existentes a seus colegas da Capital. Era este o método utilizado para que o imperador tivesse ciência dos estoques armazenados, bem como quais eram as regiões do império em que havia falta ou excesso de alguns produtos. Deste modo, quando devido às secas ou outras catástrofes, as colheitas de algumas regiões eram prejudicadas ou destruídas, o Estado redistribuía os produtos estocados para alimentar as comunidades das áreas prejudicadas. Também utilizava os recursos acumulados para custear as campanhas militares e para premiar os funcionários que se destacavam na execução do trabalho que lhe era atribuído.
Os Incas, como os demais povos primitivos ao redor do planeta, consideravam que os fenômenos naturais eram presságios ou profecias de sucessos ou catástrofes, mas ao mesmo tempo tinham a certeza que seus deuses, os seres brancos e barbudos conhecidos como Quetzalcoatl e Viracocha, voltariam para salvá-los em caso de perigo. Por esta razão, como vimos, quando os espanhóis invadiram o continente, eles acreditaram que eram os deuses que estavam voltando.
Daquela época permanece um texto escrito por um “cronista indígena” que interpreta assim o acontecido: ”Pensábamos que eran gente grata y enviados por Viracocha, pero paréceme que há salido al revés, hermanos, que estos que entraron a nuestras tierras no son hijos de dios sino del demonio”.
Machu Picchu - Peru

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