quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

(12)- PERSIA DE ZARATRUSTA

As origens do povo da Pérsia, como de todos os demais, é a conseqüência de um processo de integração genética e cultural entre povos autóctones e migrações de povoações indo-européias.
O altiplano do atual Iran, conhecido no pretérito como Pérsia – o nome aparentemente tem origem na região chamada Parsa - sempre foi uma passagem obrigatória para o comercio entre o Mediterrâneo, a Índia, a Arábia e a China.
Os persianos criaram um vastíssimo império que no curso dos séculos, se por um lado foi invadido inúmeras vezes, do outro eles também muitas vezes foram vencedores. O que eles espargiram pelo mundo, entretanto, foi a sua arte.



A região do Iran se estende desde as montanhas Zagros, do lado da Mesopotâmia, aos montes Hindukussh, ao rio Iaxarte na Índia, fechando-se entre o maciço do Cáucaso ao Golfo Pérsico. Geograficamente é constituído por um altiplano montanhoso muito quente no verão e gelado no inverno, mesmo assim, muito fértil e rico em pastagens.

Desde o IV milênio a.C., este território era habitado por populações primitivas dedicadas ao pastoreio e a manufatura de artigos de metal, incluindo armas. No complexo arqueológico de Siyalk foram encontrados tijolos de forma oval, portas, ruínas de espessos muros e ruas estreitas no centro que era habitado.
Do ponto de vista antropológico - segundo os estudiosos - se observa à formação do homem caucasiano, aquele que deu origem a tres diferentes grupos: 1 – Iberos e Bascos. 2 – Lici, Misi, Cretenses e Etruscos. 3 – Elamitas, Cassitas, Mitanni, Hititas e Urartei - Armênios.
No III milênio a.C., epoca em que se expandia a produção da cerâmica, aconteceu a primeira dominação Elamita ao redor da cidade de Susa, a qual se sucede uma intensa luta entre os Elamitas e os povos Mesopotamicos.
No II milênio da região do Cáucaso partem tres fluxos migratórios de povos indo-europeus: a primeira segue para a Ásia menor e desenvolve a população hitita. A segunda se dirige à Índia e se transforma nos Ari, e a terceira, indo para a Mesopotâmia, cria as raízes dos Mitanni que posteriormente se fundem com os hurritas. As duas ultimas migrações, por sua vez, influenciaram um pouco também as regiões do Iran, pouco, porque seus povos sempre souberam utilizar, em sua defesa, as formas geográficas do seu país.
Por volta de 1800 a.C., os Cassitas migraram da Pérsia para a Babilônia, e com este movimento iniciam o longo período – 576 anos - que dominaram a Mesopotâmia.
No I milênio a.C. começaram as incursões dos “povos do mar” destruindo tudo o que encontravam, particularmente na Ásia Menor, na Grécia e na área Sírio-Palestina. Essas populações, adentrando e permanecendo no território iraniano, acabaram desenvolvendo ao longo do tempo os povos que vieram a ser chamados indo-Iranicos. Nesse espaço, limitado pelos confins orientais do império assírio, dois povos no século IX a.C. adquiriram muita importância. Os Medas - ao sul do mar Cáspio, e os Persas - ao norte do Golfo Pérsico.
Do século VII ao VI a.C., sobretudo no reinado de Ciaxares, entre os anos 633 a 584 a.C., os Persas permaneceram sob o domínio dos Medos. Mas Ciro II, da dinastia dos Aquemênidas, rei de Anzan – 558 a 528 a.C. – em 559 a.C., depôs o soberano medo Astíages e, substituindo-o, fundou um novo império. Ciro, depois de celebrar uma aliança com os Caldeus e Egípcios, em 546 a.C. acabou com o poder de Creso - rei da Lídia - e conquistou a Ásia Menor. Posteriormente, voltando-se contra os Caldeus, em 539 a.C. conquistou a Babilônia.
-Foi durante o reinado de Ciaxares - por volta do ano 630 a.C. – que nasceu na cidade de Battria um homem que, como os demais persianos, integrava os povos Aryas (que significa nobres como eles mesmos se intitulavam) a grande estirpe indo-européia, homem esse que no tempo tornar-se-ia, mais de qualquer outro, uma figura determinante no que diz respeito ao conhecimento da cultura persa no mundo ocidental, porque constituiu e fundou uma religião que deu à Pérsia um novo cunho espiritual. Mais do que isso, elaborou uma visão de mundo que teve repercussões decisivas na cultura ocidental, plasmando-a em aspectos de suma importância. Este homem foi Zaratustra. Quem, alheio aos conhecimentos do passado, poderia supor que o fundador desta religião teve uma importância histórica mundial?
*-+-*-Quando os árabes conquistaram a Pérsia e difundiram o Islamismo, a religião antigo-iraniana desapareceu quase completamente da região, e Zaratustra permaneceu para muitos um profeta cuja doutrina havia sido superada e sobrepujada por aquelas desenvolvidas por Buda, Maomé e Jesus. Um homem, portanto, totalmente superado pela historia. No entanto, muitos princípios teológicos das religiões modernas, cuja origem foi longamente procurada nos profetas hebraicos, já estavam delineados nas escritas de Zaratustra.
Deste modo, este já é um motivo para perguntar se a religião hebraica e, em seguida, o cristianismo e islamismo, não foram profundamente influenciadas pelos seus ensinamentos. Até hoje, a respeito de Zaratustra sabe-se pouco. Os historiadores se debruçaram por muito tempo na janela que se abre para o passado para tentar descobrir quando e onde nasceu, e em que lugares ele viveu e desenvolveu a sua atividade. Não obstante, os indícios que conseguiram coletar não são totalmente confiáveis porque ele foi mais um entre os muitos que nada escreveram.
Seus ensinamentos foram transformados em testos séculos depois da sua morte, à exceção da “Gáthá”, versos que aparentemente foram escritos por ele mesmo. Mas também estes não retratam a biografia do profeta como seria desejável.
Hoje, depois de complexos estudos lingüísticos, e comparações com antigos textos iranianos, a maior parte dos pesquisadores concluiu que Zaratustra provavelmente nasceu por volta do ano de 630 antes da época cristã, em Battria, e assim sendo, não era persiano, mas battriano, como naquele tempo eram chamados os que habitavam naquela região.
Como os persianos, porém, era descendente dos Arias, a grande estirpe indo-européia que a partir do terceiro milênio a.C., ininterruptamente, se deslocou da Ásia central para o sul. O nome Arias, hoje Arianos, fora escolhido por eles mesmos e significava “os nobres”, presumivelmente para diferenciá-los das demais estirpes. Algumas tribos penetraram na Índia por volta do ano 3000 antes da era cristã, e fundaram, no curso de dez gerações, o sistema de castas hindu, enquanto outras, no mesmo período, fluíram para as regiões das altas planícies estípticas e desérticas, contendo montanhas e férteis vales, no país que mais tarde viria a ser chamado “Iran”, que em sânscrito significa “país dos arianos.”
Pelo nome, deduz-se que Zaratustra era descendente de uma família de ricos criadores, porque o traduzindo, literalmente se obtém “o homem dos velhos camelos”. Ele foi o terceiro filho de uma família nobre, os Spitama, que gerou cinco filhos.
O pai, repetindo o que é afirmado, era o sacerdote de um credo que não prezava os templo e, como os Aryas que se transformaram nos Celtas, oferecia rituais e sacrifícios a seus deuses em espaços abertos.
Influenciado espiritualmente pelas tradições nômades da sua tribo e da vida cidadã de Battria, Zaratustra foi destinado, ainda jovem, a seguir os passos do pai. Foi assim que se tornou um sacerdote. Mas de qual religião?
Os escritos testemunham que os iranianos, os battrianos, os médios e até os persianos, subdividiam seus deuses em duas categorias: os Ahura - as divindades superiores da luz que moravam no cosmo, e os Daeya - os espíritos inferiores que moravam na terra. (a lembrança inconsciente dos Ahura, as “divindades superiores” que permaneceram na luz de Capela, e dos Daeya, os “espíritos inferiores” que não merecendo la permanecer, foram degredados no planeta Terra).
Nenhum homem, porém, se sentia em grau de compreender racionalmente a autoridade de tais deuses, uma vez que em determinados momentos eram percebidos como amigos e socorristas, e em outros cruéis e destruidores.

Não podemos, porem, esquecer que Jesus reunira nos espaços infinitos os seres proscritos que se exilaram na Terra, antes de sua reencarnação geral nas vizinhanças dos planaltos do Irã e do Planir.
Obedecendo as determinações superiores do mundo espiritual, eles nunca puderam esquecer a palavra salvadora do Messias e as suas divinas promessas. As belezas do espaço, aliadas à paisagem mirífica do plano que foram obrigados a abandonar, viviam no cerne das suas recordações mais queridas.
As exortações confortadoras do Cristo, nas vésperas de sua dolorosa imersão nos fluidos pesados do planeta terrestre, cantavam-lhes no intimo os mais formosos hosanas de alegria e de esperança.
Era por isso que aquelas civilizações antigas possuíam mais fé, colocando a intuição divina acima da razão puramente humana. A crença, como intima e sagrada aquisição de suas almas, era a força motora de todas as realizações, e todos os degredados, com os mais santos entusiasmos do coração, falaram d´ Ele e da sua infinita misericórdia. Suas vozes enchem todo o âmbito das civilizações que passaram no pentagrama dos séculos sem-fim e, apresentado com mil nomes, segundo as mais variadas épocas, o Cordeiro de Deus foi guardado pela compreensão e pela memória do mundo, com todas as suas expressões divinas ou, alias, como a própria face de Deus, segundo as modalidades dos mistérios religiosos.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
Psicografado por Francisco Candido Xavier

Faltava um profeta que, com a sua mensagem, delineasse naquele insondável complexo de divindades uma ordem que esclarecesse e iluminasse.
Os iranianos esperavam transformar aqueles deuses misteriosos, e de certa forma inquietantes, em protetores através de cânticos de louvor e dons sacrificais. Nos seus solenes rituais devia escorrer muito sangue de touros e bois, para amenizar seu destino que parecia repleto de um incomensurável terror. Nestes cerimoniais, os sacerdotes e o povo bebiam um suco inebriante que, em nome do seu deus Haoma, os levava ao êxtase e, através deste e de danças infindáveis, caiam em transe para perceber, mesmo por poucos momentos, o encanto dos seus deuses e da imortalidade.
Zaratustra que se denominava um zaotar – um poeta sacro e predicador – ao intuir que aqueles rituais não eram justos, deixou a sua pátria com vinte anos e partiu sozinho com o objetivo de encontrar as respostas que desejava. Sua peregrinação alongou-se por muitos anos, mas quantos foram ninguém sabe ao certo.
No Avesta - nome dado ao conjunto dos textos masdeístas - livros sagrados dos antigos Persas escritos por Zaratustra - se encontra escrito que no fim da sua peregrinação, à margem do rio Daeya, lhe aparece um anjo e nesse encontro se da um dos mais fecundos acontecimentos para a história das religiões.
Zaratustra teve a visão de uma luta cósmica entre as forças do bem e do mal - entre Deus e satanás - e depois disso teve a certeza que a vida continuava depois da morte, no paraíso ou no inferno. Foi o primeiro a anunciar isso. Os demais profetas das religiões ocidentais anunciaram estes princípios muito tempo depois.
Isso provavelmente aconteceu, segundo os historiadores, entre os anos 610 a 590 a.C., portanto, aproximadamente 600 anos antes de Jesus Cristo e 1.200 anos antes de Maomé, mas milhares de anos depois de Moises.
Na margem do rio Daeya - lê-se nos testos - depois de longas meditações apareceu-lhe o anjo Vohu Manu (boa alma), envolvido por um manto de imensa luz que o levou ao trono do deus Ahura Mazdah, o “Senhor Sábio”. Zaratustra o saudou com um cântico que terminava com as palavras: “eu aspiro, com estas minhas palavras, a conhecer o mais sábio, o criador de todas as coisas, através do Espírito”.
Passaram-se vários anos antes que Zaratustra, depois daquela visão, deixasse a solidão para predicar na Capital da sua Pátria. Entretanto, quando começou a fazê-lo, as pessoas o ouviam sem muito interesse e os sacerdotes e os nobres o repeliam duramente.
Poucos foram os que o seguiram e o acompanharam nas suas viagens para falar nas praças das cidades, nos acampamentos, e nos países vizinhos. Depois de muitas desilusões e perseguições, Zaratustra decidiu deixar Battria e com poucos discípulos foi para o reino de Corasmia onde o rei Vistapa não só o acolheu com benevolência, mas com ele manteve longos diálogos. Este rei, algum tempo depois, se converteu à sua fé. Foi um sucesso determinante, porque os nobres da corte também o fizeram.
Incentivado por essa ocorrência, Zaratustra começou a sua obra, e sob a proteção do rei, fez construir diante dos portões da cidade o seu famoso templo do fogo em cujo altar, abertamente, os sacerdotes cantavam e catequizavam o povo. Finalmente para agradar aos deuses não era mais necessário sacrificar animais.
Quem obedecia aos preceitos do “sábio senhor”, que pediam retitude, laboriosidade e honestidade, poderia esperar a graça divina no futuro. Isto com certeza influenciou o judaísmo e de forma especial o cristianismo, no que diz respeito ao juízo final e a vida eterna depois da morte.
Keshmar ficou sendo a cidade de Zaratustra e para este local fluíram curiosos para ouvir seus sermões, enquanto deste local, igualmente, partiram seus discípulos, como missionários, para distantes províncias e outros reinos.
A casta dos sacerdotes da religião pré-existente, todavia, não só se manteve na cidade e fiel a sua religião, como se aliou aos príncipes dos estados vizinhos para derrubar o reformador. A guerra que se seguiu foi fatal seja para o fundador da religião como para o rei que se tornara seu protetor.
Zaratustra respondeu a seus oponentes tão agressivamente quanto eles estava sendo agredido conforme é narrado nos seus versos:
“Ninguém de vocês preste atenção às palavras e as instruções dos servos da mentira, porque eles irão jogar suas casas, a cidade, a província e o estado na miséria e na ruína. Para evitar isso, rechaçai-os com as vossas armas”.
Teve inicio, assim, a primeira guerra religiosa no território persiano. Mas Zaratustra não sobreviveu a ela. As tropas inimigas entraram na cidade e o mataram a pauladas enquanto ele se preparava para fugir. Morreu como mártir aos 77 anos, como tantos outros fundadores de religiões. Isso aconteceu ao redor de 553 a.C.
Existe uma lenda que diz que a sua doutrina foi escrita com tinta dourada em doze mil peles de boi, e permaneceu na biblioteca real de Persépolis - antiga capital do império Persa - por longuíssimo tempo. Destes originais não se tem noticias, mas provavelmente queimaram nas chamas no ano 330 a.C., quando os soldados de Alexandre Magno, depois de conquistarem a cidade, a destruíram pelo fogo.
O que sobreviveu são copias redigidas seiscentos anos depois por sacerdotes, a partir do Avesta, mesmo se destas também pouco se salvou, uma vez que os árabes, durantes as suas conquistas, destruíam repetitivamente tudo o que encontravam. Mesmo assim, são suficientes para esclarecer a sua doutrina.
Zaratustra rejeitou a fé de seus pais que reconhecia um grande número de ahura, as divindades da luz, e dos daeya, os demônios. Afirmava que uma só daquelas divindades era verdadeira, porque era o Deus único: Ahura Mazdah, o sábio senhor.
O Ahura Mazdah de Zaratustra não possuía imagem corpórea, alem disso era onipresente e onisciente, abstrato e eterno, e se mantinha bem longe das paixões humanas, porque encarnava um princípio facilmente identificável: o bem.
A este único Deus, porém, se contrapunha um antagonista que se chama Angra Mainyu, o “espírito do mal”, que através das tentações procurava tirar os homens do caminho da fé e do bem. Cada um dos dois deuses possuía auxiliares que eram as forças do bem e do mal: espíritos bons e demônios do mal.
Do lado de Ahura Mazdah, em primeiro lugar vinha Spenta Mainyu, “Espírito Santo”, que tanto podia aparecer como encarnação do Deus único, ou como entidade espiritual com o objetivo de anunciar a vontade Divina, e seus servidores eram divindades de luz “amesha spentas”, espíritos imortais ou anjos que recebiam a missão de anunciar aos homens as mensagens Divinas. Vohu Manu, boa alma, que apareceu a Zaratustra na margem do rio para acompanhá-lo ao trono de Deus era um destes anjos.
Do lado do “espírito do mal”, Angra Mainyu, estavam os daevas (demônios), e a este grupo pertenciam a maior parte dos “deuses” que eram adorados pelos antecessores de Zaratustra, e por aqueles que não lhe seguiram os exemplos. Eram espíritos a serviço do mal.
Aqui temos a origem dos espíritos bons que as doutrinas cristãs chamam “Espírito Santo” e os demônios, os espíritos malignos retratados na Bíblia ao nível do antigo e do novo testamento.
Deus é eterno, mas a luta entre o bem e o mal, entre a luz e as sombras, é limitada no tempo. Assim ensinou Zaratustra.
Esta luta teve inicio depois que Deus criou o mundo sem o pecado, habitado por um homem e um animal. Depois disso, no reino da luz de Ahura Mazdah apareceu o seu antagonista, Angra Mainyu, que discordou da criação Divina e começou a corrompê-la através das suas atitudes. Passaram-se três mil anos até que o espírito do mal conseguisse contagiar o homem ainda puro. Daquele momento em diante, na Terra, se multiplicaram os demônios inferiores de Angra Mainyu. O espírito do mal, todavia, não conseguira eliminar do mundo a influência do bem, porque o homem bom e o animal já haviam plantado o seu sêmen. Naquelas primeiras formas de vida, no entanto, o bem coexistia com o mal e desta forma terminara a época em que não havia o pecado.
Com esta configuração teve inicio a história universal recheada de conflitos e intrigas aonde o homem era, e ainda é, chamado a escolher entre o bem e o mal. Esta época já se alongava por mais de trinta mil anos quando Deus decidiu ajudar os homens enviando a eles um profeta: Zaratustra.
Entretanto, só uma minoria viu em Zaratustra um profeta, e assim sendo, ao longo do tempo, provavelmente, será maior o número de homens que se afastarão da moral e das virtudes. Por isso, a título de castigo, Deus condenará o mundo a inundações, incêndios e guerras desastrosas para depois seus anjos soarem as trombas do juízo universal.
Os homens levantar-se-ão, então, de seus sepulcros para dar conta da sua vida ao Divino Senhor, respondendo se aceitaram ou negaram a mensagem espiritual do profeta. Enquanto para os primeiros se iniciará naquele momento a vida eterna no reino de Deus, para os outros não haverá alternativa a não ser as chamas tormentosas e as eternas penas do inferno.
Alguns aspectos destes ensinamentos religiosos de Zaratustra eram novos porque, até então, não haviam sido formulados por nenhum homem na face do planeta. Contudo, depois dele, os vemos refletidos inicialmente entre os hebreus, depois entre os cristãos e por fim entre os muçulmanos, mesmo se com pequenos enfoques específicos e diferenciados.
Zaratustra anunciou estas suas conclusões religiosas seiscentos anos antes de Cristo, trezentos anos antes de Maomé, 1700 anos depois de Moises e um século depois dos grandes profetas hebraicos; Isaias, Jeremias e Elias.
É difícil estabelecer o que efetivamente tiveram de original os ensinamentos de Zaratustra, o que ele tirou de outros modelos religiosos, quais foram às conseqüências da sua doutrina e como esta influenciou as que vieram depois.
Muitas pesquisas, contudo, indicam com certeza que Zaratustra fundou a primeira religião monoteísta, que tinha um Deus único, mesmo se não foi o primeiro a afirmá-lo porque Abraão, por volta de 2100 anos a.C., quando migrou da Mesopotâmia para Canaã, já o dizia, como já haviam afirmado Moises e Isaias. Será que Zaratustra foi por eles influenciado? Battria, aonde vivia, era uma cidade de intenso comércio que ficava na rota em que os mercadores do mediterrâneo iam até a Índia e a China. Uma cidade cosmopolita aonde confluíam também as idéias do oriente e do ocidente.
No entanto, é muito pouco provável que o pensamento hebraico tenha chegado até Battria, considerando que os hebreus não tinham propensão a viajar assim tão longe e muito menos a doutrinar outros povos com a sua religião. Zaratustra deve ter sido influenciado por outros, mas quem? Nenhum povo, no seu tempo, a exceção dos hebreus, aceitava ou acreditava em um Deus único para todos os homens.
Um povo, entretanto, já estava dando os primeiros passos nesta direção: os Indianos arii. Os hindus, muito antes de Zaratustra, desenvolveram na parte filosófica dos “Vedas” a chamada Upanisad - doutrina secreta. Muitos, entre os seus significativos pensadores, sabiam que atrás da complicada multiplicidade de deuses existia uma força primária, uma essência universal que tudo criara chamada Brahman.
Tratava-se de um princípio abstrato, quase incompreensível para as massas. Os mais simples, camponeses e artesões, continuavam a crer somente em Siva, Visnu, e em milhares de outras divindades. A unidade, entre as mais variadas crenças, porém, começava a se delinear, mesmo que vagamente, ao redor da idéia de um Deus único.
Zaratustra conhecia isso? É provável, porque suas preces em versos, o Gáthá, como foi demonstrado, reconduzem aos Vedas, as escrituras sagradas do hinduismo. O próprio título da sua obra, Avesta, que traduzido significa “saber”, corresponde à somatória dos escritos religiosos hindus que são os Vedas.
Os historiadores religiosos entendem que não deveria ter sido difícil para ele traduzir a “língua sagrada” dos indianos Arii - o sânscrito - que era parecido ao dialeto falado em Battria. Eles lembram que naquele tempo devia haver muitos contatos entre os sacerdotes arii, do Iran oriental, com os da Índia setentrional. Zaratustra poderia assim ter desenvolvido depois, e de forma radical, aquilo que os eruditos Hindus só haviam conseguido fazer germinar.
Ele, independentemente dos profetas hebraicos, olhando para a distante Índia, imprimiu um novo curso a idéia de um “princípio primordial”, de uma “alma universal”. Assim em Battria, muito longe da Palestina que era o berço dos profetas hebraicos, tomou vulto mais uma vez, através de um genial ato criativo, a fé em um único Deus.
Zaratustra, por isso, não se transformou em um gênio da história das religiões, porque ao nível do Deus único elaborou tão somente o que os hebreus já haviam formulado de forma análoga. Onde está então o aspecto original que antes dele nenhum profeta havia anunciado? Onde está o “novo” que depois dele influenciou de forma decisiva as demais religiões?
Hoje a maioria dos estudiosos das religiões são unânimes em apontar que foi Zaratustra o primeiro profeta a anunciar a existência de satanás. O primeiro a considerar o mundo terreno como o campo aonde deveria se defrontar o bem e o mal, e, além disso, ninguém antes dele chamara os homens para fazer uma escolha livre entre estas duas forças absolutas.
Zaratustra foi o primeiro a intuir a engrenagem de todas as coisas, a traduzir o que os indianos arii e os iranianos entendiam e distinguiam entre o bem e o mal, subdividindo desta forma o universo em dois mundos contrapostos.
Foi ele que fixou linhas precisas em uma ordem ainda vaga. Foi ele o primeiro a afirmar a ressurreição dos mortos no dia do juízo universal, onde o homem, diante de Deus, teria que responder pelas suas boas ou más ações. Antes de Zaratustra ninguém tinha afirmado a existência do paraíso para os bons e o inferno para os maus, mesmo se os Egípcios, como vimos no Evangelho de Osíris, tinham estas noções, assim como no hinduismo, budismo e até confucísmo, já se falava na imortalidade do espírito.
Aquilo que o mundo acreditava que pertencesse ao patrimônio inventivo dos hebreus, não foi idealizado através de aparições nos desertos da Judéia, ou às margens do rio Jordão, mas nas montanhas e nas estepes do Alfaniganistão, além das margens do Amu Darja.
Os hebreus, na época de Zaratustra, já conheciam os dez mandamentos de Moises e acreditavam que os pecadores despertavam a ira de Deus. A penalidade, porém, era uma ameaça neste mundo, através de um juiz, ou como era descrito de forma lendária nas partes mais antigas do velho testamento, quando Deus, pessoalmente, intervinha para punir os pecadores através das guerras, epidemias ou catástrofes, enquanto que a contrapartida, a justiça compensatória no além, era desconhecida até pelos profetas Isaías e Ezequiel que foram quase contemporâneos de Zaratustra.
E verdade que nas escrituras hebraicas acha-se formulada a promessa que os mortos renasceriam - não confundir com ressurreição - mas a verdadeira síntese do seu conteúdo afirmava, mais do que qualquer outra coisa, não a ressurreição de seres, mas do estado de Israel depois de um período de decadência.
O pensamento hebraico era muito mais ligado a este lado do mundo, o material, físico, portanto mais de cunho político. Nas fantasias dos hebreus existia somente um reino, o das sombras, aonde todos os mortos chegariam sem distinções entre recompensas e penas, e entre paraíso e inferno. Este reino era similar ao “ade” dos gregos. Eles não conheciam o diabo como um potente antagonista à vontade de Deus. Nas escrituras bíblicas daquele tempo, Satanás aparecia somente como executor de Jwhw, um espírito punitivo que devia sempre atender aos desejos do seu supremo senhor.
O diabo não era ainda o demônio obstinado que procurava triunfar sobre Deus com a participação dos homens. Além disso, os hebreus consideravam a história da humanidade como uma sucessão de acontecimentos. Não se falava ainda dos primeiros homens sobre a terra, uma vez que a tradução literal da palavra “Adão”, na língua hebraica é “ser” humano e a tradução da palavra “Eva” não é uma mulher, mas terra.
Também era desconhecida a dramaticidade que veio a ser causada depois pelo aparecimento da figura do diabo, do pecado original e do futuro da humanidade sobre a terra: a meta final e irrevogável do homem, em outras palavras, o juízo universal ao fim dos últimos dias. Os hebreus consideravam a história da humanidade como uma eterna repetição de fatos similares, sem nenhuma finalidade futura.

As imagens e os conceitos religiosos dos hebreus daquele tempo não eram muito diferentes daqueles dos povos mais desenvolvidos, dos indianos aos chineses, passando pelos babilônios e egípcios, para terminar com os gregos e os romanos. Contudo, três séculos depois da morte de Zaratustra eles já pensavam de forma diferente. Nos seus escritos bíblicos já se encontravam as idéias religiosas que hoje o mundo julga, em tudo e por tudo, essencialmente judaicas, e no sentido translato cristão que concerne a toda cultura européia.
A difusão das idéias religiosas de Zaratustra foi assegurada com o surgir de uma potencialidade política que conseguiu defender eficazmente a nova religião contra todos os seus opositores. Só então foi possível a Zaratustra se tornar famoso - porque em vida não o havia conseguido - não só além dos limites territoriais do Iran, mas a ponto de influenciar outras religiões.
Esta força política já estava se formando na época de Zaratustra: era o Império Persa. Os historiadores, no entanto, não escondem suas dúvidas. Sobretudo um entre os mais significativos expert das religiões iranianas antigas, Geo Widengren. Ele nega que os grandes reis do primeiro império persiano tenham acreditado seriamente nos ensinamentos religiosos de Zaratustra. Aqueles reis, homens mais políticos do que religiosos, teriam só aceito da nova religião alguns preceitos doutrinais, mantendo-se assim inicialmente resguardados, como é freqüente em toda a história da antiga Pérsia. Uma coisa, no entanto, é certa: no Iram a doutrina de Zaratustra viveu, depois da sua morte, um período de forte desenvolvimento. Mais do que isso, alguns príncipes persianos e altos funcionários favoreceram o desenvolvimento da nova religião nas províncias que conquistaram do oriente até a Índia, no ocidente até a região entre os rios Tigre e Eufrates, da Ásia a Síria e da palestina até o Egito.
Em nenhum momento, todavia, os persianos obrigaram um povo conquistado a se converter à religião de Zaratustra, ao contrário, deixaram que cada um mantivesse a sua respectiva fé. Todos os súditos, porém, passaram a ter a possibilidade de se interessar ativamente a respeito da nova religião. Isso deve ter gerado conseqüências imprevisíveis e decisivas naquele tempo.
Zaratustra, porem, indiretamente provocou uma importantíssima reviravolta religiosa em um dos povos conquistados: os hebreus, e os efeitos tiveram uma enorme repercussão na historia do mundo.
Os judeus naquela época estavam atravessando uma das suas piores crises, porque no ano 587 a.C., Nabucodonosor, rei da Babilônia, destruíra sua capital, Jerusalém, sem deixar em pé nem suas muralhas, e deportara para a região dos rios Tigre e Eufrates, entre muitos outros, todos os homens letrados, sacerdotes, funcionários da administração, comerciantes e soldados. Com isso, o Estado hebraico deixara de existir porque a inteira elite intelectual, e com ela a maioria do povo, fora degredada para um lugar muito distante da sua pátria sob o domínio de outros governantes e, mais importante do que isso, sob outra religião.
Aquele período, que entrou para a história sob o nome “prisão babilionense”, só teve fim quando Ciro, o grande rei Persa, depois de conquistar a Babilônia no ano de 539 a.C., portanto 48 anos depois que estes judeus viviam no exílio, permitiu que eles retornassem à sua pátria natal.
Todavia, as idéias religiosas e os valores daqueles que voltaram para Jerusalém – em sua quase totalidade filhos dos que haviam sido deportados - eram bem diversas daquelas professadas pelos seus pais. Ao longo do quase meio século de sua permanência nessas terras longínquas e estranhas, haviam sofrido a influencia da cultura religiosa daqueles povos que, sob certos aspectos, era até fascinante.
Desorientados diante da nova situação, após ter vivido a experiência babilônica, os sacerdotes hebreus começaram a refletir profundamente sobre as grandes questões religiosas e no sentido da própria existência, por coincidência, exatamente no momento em que o povo também se encontrava confuso, conseqüentemente, vulnerável a novas mensagens proféticas.
Naquela fase foram significantemente alteradas partes fundamentais do velho testamento, sob a inspiração do patrimônio cultural absorvido durante o cativeiro em terras estrangeiras, e mais acentuadamente pela influência dos credos religiosos da Babilônia.

Foi nesta época que os sacerdotes construíram o mito da criação, a lenda do dilúvio universal e muitas outra histórias, envolvendo todas elas com os milagres imaginários destinados a forçar - valendo-se das ameaças divinas por eles registradas em seus contos - seu povo a deixar de cultuar os deuses que haviam sido adotados durante a “prisão babilionense”, para retornar ao deus de Moises.
No entanto, muito do que nesta época escreveram o haviam aprendido dos persianos. Como é possível demonstrar que os hebreus foram influenciados diretamente pela doutrina de Zaratustra? Existe um documento que esclarece exatamente isso. No velho testamento se encontra o livro de Daniel, e este Daniel era um dos jovens israelitas que tinham sido levados cativos para a Babilônia.
No caso desse jovem, enquanto sua inteligência viva chamava a atenção de Nabucodonosor, inquietava seus sacerdotes-magos a ponto de fazer com que ele viesse a ser atirado em uma fossa de leões. No dia seguinte, contudo, inexplicavelmente, foi encontrado miraculosamente salvo. Os feitos de Daniel, mesmo se os autores são desconhecidos, foram historiados em um livro provavelmente um ou mais séculos depois da sua morte, é neste é relatado - em um contexto provavelmente parcialmente legendário - mesmo se contem uma boa parte de fatos realmente acontecidos, o seguinte: Daniel viveu na corte de Nabucodonosor, o rei da Babilônia, com a responsabilidade - pelo fato de exercer um alto cargo - de selecionar entre os judeus cativos os mais belos, mais inteligentes e mais habilitados, a assumir trabalhos nos serviços da corte. Daniel igualmente ganhara confiança e fizera carreira devido a sua aptidão em interpretar, de maneira agradável e convincente, os sonhos de Nabucodonosor. Isso não era pouco em um país aonde, através dos sonhos, se acreditava que era possível ler o futuro. Quando Ciro conquistou a Babilônia ele foi levado para a corte de Susa, e por dezenas de anos foi um importante conselheiro do rei Persa, Darío, que reinou entre 521 a 486 a. C.
De muita importância são as palavras que os autores bíblicos atribuem a Daniel no décimo segundo capítulo do livro que leva o seu nome, que são, atribuindo a Deus a fala:
“muitos daqueles que dormem no pó da terra, despertarão, uns para a vida eterna e outros para a ignomínia e a infâmia eterna. Quanto a ti Daniel, vai até o fim tranqüilamente. Repousarás e te levantarás novamente na tua terra no fim dos tempos.”
Estas frases até então, como facilmente pode ser comprovado, jamais haviam sido utilizadas nas antigas escrituras do velho testamento. São pensamentos atribuídos a um judeu ao serviço dos Persas, que em Susa teve contatos diários com os seguidores de Zaratustra. É assim que, pela primeira vez, um hebreu anuncia a ressurreição dos mortos no dia do juízo universal
No mesmo livro lê-se, ainda pela primeira vez, que para os bons existe uma meta derradeira no fim dos tempos: o desaparecimento do nosso mundo imperfeito e o início da vida eterna no reino de Deus.
O livro de Daniel registra a influência da religião de Zaratustra sobre o pensamento hebraico. No curso do III e II século a.C. os judeus se apropriariam ainda da doutrina dos anjos e dos demônios, alem daquela de Deus e de Satanás como antagonistas universais neste mundo terreno.
Os judeus deixaram de acreditar que o bem e o mal derivavam igualmente de Deus, porque daquele momento em diante, todo o mal passou a ser atribuído a forças demoníacas vindas de um específico reino das trevas, contra as quais é necessário opor uma enérgica resistência. Assim, no II século a.C., a religião hebraica já possuía o formato que continuaria vigendo quando veio Jesus.
Seiscentos anos depois, Maomé, como veremos, deu vida ao islamismo baseando-se no mesmo patrimônio religioso utilizado pelos hebreus e cristão. Ele também afirmou que os homens nascem neste mundo para escolher entre Deus e Satanás, e ensinou que a ressurreição dos mortos acontece no dia do juízo universal e que depois dele o paraíso é a recompensa para os homens retos, enquanto o inferno é a punição reservada aos pecadores.
Desta forma, enquanto os seguidores de Zaratustra hoje no mundo são uma minoria absoluta e em vias de extinção - no máximo 200 mil fiéis - o seu pensamento colaborou para forjar as três grandes religiões cujos seguidores representam mais do que a metade da população do mundo.
A descoberta de Zaratustra e da sua religião por parte da cultura européia, aconteceu no ano de 1771. Naquele ano, o historiador religioso francês Abraham Anquetil-Duperon, conheceu em Bombaim os parsen, e melhor do que isso, a sua bíblia, o Avesta. Mais precisamente aqueles importantíssimos fragmentos que permaneceram após séculos de lutas políticas e religiosas.
O historiador levou cópia do achado para Paris e o traduziu para o Francês. Cinco anos depois já havia outra tradução para a língua alemã, tamanho era o interesse despertado entre os especialistas em religiões antigas e o público em geral.
Não foi por coincidência que isso aconteceu no século do iluminismo. Naquele tempo - na segunda metade do XVIII século - poetas, filósofos e cientistas, libertando-se da tutela da Igreja, fizeram o possível e o impossível para conhecer a fundo outras culturas e religiões. Os iluministas amavam a tolerância e detestavam os dogmas que aceitavam exclusivamente aquilo que não contrastava com o pensamento herdado do passado.
Naqueles anos Lessing escreveu o seu drama sobre a tolerância, convidando todos a compreensão daquelas religiões até então consideradas inimigas do Cristianismo: Hebraísmo e Islamismo. Conseguiu seu intento de forma eficaz utilizando a metáfora e o conceito da verdade absoluta. Na burguesia culta reinava um clima de abertura ao novo, e de atenção para as religiões até então desconhecidas. Conseqüentemente, Mozart introduziu Zaratustra no papel de supremo sacerdote e mago, que chamou Sarastro, na sua obra a flauta mágica, e Goethe ocupo-se do profeta iraniano no seu divã ocidental-oriental - Hafiz.
A importância decisiva de Zaratustra permaneceu, porém, desconhecida para muitos leitores por assaz tempo. Muitos o consideravam, no melhor dos casos, um profeta colocado na sombra pelos fundadores das religiões que vieram depois. Sendo assim, um homem superado inexoravelmente no curso dos eventos históricos.
Esta opinião não sofreu alterações nem no século seguinte, quando muitos outros historiadores se deslocaram para a Pérsia e a Índia para recolherem outras cópias do Avesta. As traduções destas, assim como seus comentários e comparações, para não falar das criticas relativas às diferentes interpretações, acabaram despertando a curiosidade geral. No contesto gerado revelou-se inteiramente - para todos os pesquisadores que buscavam a verdade - como a doutrina de Zaratustra antecipou conceitos que até aquele momento o judaísmo e o cristianismo haviam assumido a posse.
Os resultados daquelas pesquisas encontraram uma enorme resistência em muitas faixas da população, e como não poderia deixar de ser, a nível daqueles que se intitulavam os sábios das religiões: “Como, sendo os cientistas considerados leigos pela igreja, tinham a audácia de afirmar que o cristianismo derivava, em relação ao conteúdo da sua doutrina, não só de Jesus Cristo e dos profetas do antigo testamento, mas também do pai de uma religião que tinha origem em uma cultura totalmente estranha?” Queria talvez isso dizer que a fé cristã tinha sido produzida de maneira contraditória e progressiva pelos homens, pelas suas culturas e não de Deus?
Por este motivo no ocidente cristão a descoberta de Zaratustra foi interpretada como uma inaceitável provocação e continua não sendo aceita por aqueles que se consideram os zeladores das religiões envolvidas.
Enquanto isso Heráclito, o filósofo grego da escola jônica - Efeso 540 a 480 a.C.- além de entender que o fogo era o elemento primitivo da matéria - a constituição dos planetas é a prova disso - afirmava que não existe a verdade absoluta, existe somente o tempo e a transitoriedade do saber, o conhecimento que ao longo dele é permitido desde que perseverantemente perseguido.
Fonte: “Assim Falou Zaratustra” de Friedrich Nietzsche

A Pérsia, com Cambises II filho e sucessor de Ciro II, em 525 a.C., conquistou o Egito e ai fundou a XXVII dinastia, e com Dario I – 525 a 486 – o império Persa atingiu seu apogeu: reconstituiu a unidade Persa reconquistando a Babilônia, a Susiana e a Média. Subjugou a Tracia e a Macedônia, mas foi derrotado pelos gregos em Maratona. Pouco depois seu filho Xerxes seria derrotado em Platéias em 479.a.C. e Salamina em 480 a.C.
Dario III foi o adversário infeliz de Alexandre Magno: vencido em Arbelas, em 331, fugiu e foi assassinado. A conquista de Alexandre destruiu o império Persa e com a sua morte – 323 a.C. – este ficou sob a autoridade dos Seléucidas – 305 a 64 a.C., descendentes de Seleuco, um de seus generais. O vasto império Seléucida, porem, desfez-se rapidamente e se reduziu a Síria.
Em 256 a.C. a invasão dos Partos originou nova dinastia, a dos Arsácidas, fundada por Arsaces I, que lutou primeiro contra hordas Cíticas e depois contra os romanos que por tres vezes lhe tomaram Ctesifonte, a capital.
Enfraquecido por estas lutas, o império Arsácida foi conquistado pelo Sassanída Ardachir em 224 d.C. O Estado Sassânidas, século III e VII, centralizado e hierarquizado, opôs temível resistência a Roma, sobretudo nos reinados de Chapur I – 241 a 272 – Chapur II – 310 a 379 – Cósroes I - 531 a 579 – e Cósroes II – 590 a 628. A dinastia Sassanída foi derrubada pelos Árabes Omíadas em 642.
Inicialmente dependente do Califado de Bagdá, o país caiu em seguida nas mãos de dinastias iranianas – Taíridas - 820 a 873, Safáridas – 873 a 902, Samánidas – 902 a 999 e Bualidas – 932 a 1055, para depois passar sob o controle dos Turcos Seldjúcidas.
No século XIII a Pérsia foi subjugada pelos Mongóis e assim se manteve até o século XV. Em 1502, Ismail, fundador dos Sefévidas, instalou-se em Bagdá e fez do Xiismo a religião oficial. O principal representante da dinastia foi Abas I - 1587 a 1629 - cujos sucessores se esgotaram em lutas estéreis. Em 1786 subiu ao trono a dinastia dos Qadjars sofrendo durante muito tempo a influencia da Rússia, à qual cedeu em 1813 e 1828 importantes territórios, e depois a da Inglaterra que estava interessada em sua produção de petróleo. O governo dos últimos Qadjars, entre 1834 e 1925, entrou na esteira da civilização ocidental e em 1925, Riza Khan derrubou a dinastia dos Qadjars e mudou oficialmente o nome Pérsio para Irã.

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